
Uma nova palavra está começando a ressoar fortemente entre virologistas, autoridades de saúde e sistemas de saúde em todo o mundo: NB.1.8.1. Trata-se de uma subvariante da covid-19, relacionada à ômicron, que avança furtivamente, mas de forma constante.
Detectada pela primeira vez em janeiro de 2025, a NB.1.8.1 passou de apenas 2% das amostras globais para mais de 10% em apenas quatro meses. Atualmente, é a cepa dominante na China e em Hong Kong. E foi identificada em destinos turísticos internacionais como Egito, Tailândia e Maldivas, aumentando o risco de disseminação.
Circulação da NB.1.8.1
A disseminação desta nova variante parece não seguir fronteiras políticas. Até o momento, a NB.1.8.1 foi confirmada em circulação em pelo menos 22 países. Os mais significativos são China e Hong Kong, onde já é a variante dominante e está associada a um aumento sustentado de hospitalizações. Além de Estados Unidos, com presença em sete estados, incluindo Nova York, Califórnia, Ohio, Arizona e Washington. Índia, que registrou um aumento de cinco vezes nos casos em um mês, com focos em áreas urbanas densamente povoadas. Austrália, onde em alguns estados, como Victoria, já representa mais de 40% das sequências virais analisadas. Cingapura, Taiwan e vários países europeus, ainda não especificados, mas incluídos nos relatórios de vigilância genômica da OMS.
Apesar dessa dispersão geográfica, a OMS não recomenda atualmente o fechamento de fronteiras ou a imposição de restrições de viagem. “Não há evidências de que essa variante seja mais grave, mas sua contagiosidade deve ser monitorada de perto”, alerta a agência.
Mais contagioso, não mais letal: o perfil clínico da NB.1.8.1
Uma das características mais preocupantes da NB.1.8.1 é sua alta transmissibilidade. A professora Lara Herrero, virologista da Universidade Griffith (Austrália), explicou que essa cepa possui “várias mutações que lhe permitem infectar células humanas com mais eficiência”, o que pode se traduzir em maior facilidade de disseminação entre pessoas.
Os sintomas relatados até o momento são semelhantes aos de outras variantes da Ômicron. Entre os mais comuns: dor de garganta e congestão nasal, fadiga intensa e dores musculares, febre leve ou calafrios, dor de cabeça persistente, tosse seca e falta de ar, náuseas, vômitos ou diarreia, perda de paladar ou olfato.
Especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA observam que, embora os sintomas não pareçam mais graves, alguns pacientes apresentam um início mais rápido após a infecção. Isso pode dificultar o rastreamento precoce de contatos e promover a transmissão comunitária.
OMS e os especialistas: baixo risco ou ameaça latente?
Em seu último relatório, a OMS reconhece que a NB.1.8.1 não parece ser mais letal do que outras variantes circulantes. Mas alerta sobre sua velocidade de disseminação e sua capacidade de escapar parcialmente da imunidade. Essa dupla característica — alta contagiosidade e escape imunológico — explica seu aumento nos dados de sequenciamento global.
Por sua vez, a OMS recomenda que os estados continuem oferecendo vacinas atualizadas contra a covid-19. Este alerta é especialmente direcionado a idosos, pessoas com comorbidades ou imunossuprimidos.
Vacinas atuais protegem contra essa variante?
Até o momento, as vacinas existentes permanecem eficazes na redução do risco de doença grave e hospitalização por NB.1.8.1. No entanto, devido às suas mutações, a proteção contra infecções sintomáticas pode ter sido parcialmente reduzida.
Especialistas enfatizam a importância de fortalecer a imunidade com doses de reforço, principalmente nos grupos mais vulneráveis. Em países como Austrália e Estados Unidos, os ministérios da saúde já estão avaliando novas campanhas de vacinação de outono/inverno.
Diante desta nova variante, as recomendações gerais permanecem válidas e eficazes:
- Manter a vacinação e as doses de reforço em dia.
- Usar máscara em locais fechados ou pouco ventilados.
- Lave as mãos com frequência e evitar tocar o rosto.
- Evitar aglomerações se apresentar sintomas respiratórios.
- Consultar um médico se os sintomas persistirem por vários dias ou se você conviver com pessoas vulneráveis.
Além disso, recomenda-se monitorar os relatórios oficiais e as atualizações de saúde. Teme-se que o comportamento da NB.1.8.1 possa evoluir rapidamente.
Um alerta que pode antecipar novos surtos
Embora a NB.1.8.1 ainda não tenha disparado o alarme global, sua rápida disseminação por diferentes continentes e sua resistência parcial à imunidade sugerem que ela pode se tornar uma das cepas dominantes do inverno de 2025. Há temores específicos de que ela possa se espalhar no Hemisfério Sul nos próximos meses.
(Fonte: tempo.com)