
Após mais de meio século em órbita, um antigo satélite soviético está prestes a reentrar de forma descontrolada na atmosfera terrestre. Lançado em 27 de março de 1972, o Kosmos 482, remanescente de uma missão fracassada com destino a Vênus, deve colidir com a Terra entre os dias 9 e 11 de maio. Embora o horário e o local exatos ainda sejam impossíveis de prever.
Pane
O satélite fazia parte de um programa espacial da então União Soviética e falhou após uma pane no estágio superior do foguete, que impediu sua saída da órbita terrestre. Desde então, orbita a Terra de forma altamente elíptica, como um dos milhares de detritos espaciais que circundam o planeta.
A principal preocupação agora é o módulo de descida da missão, construído com uma concha protetora de titânio para suportar a atmosfera de Vênus — significativamente mais densa e quente do que a terrestre. Estima-se que o objeto pese cerca de 500 kg e tenha um formato semiglobular, semelhante a um balde metálico com um metro de diâmetro.
Possibilidade de impacto violento
Especialistas apontam que, por ter sido projetado para resistir a condições extremas, o módulo tem chances consideráveis de sobreviver à reentrada na atmosfera terrestre. Como o sistema de paraquedas da cápsula provavelmente não funcionará após 53 anos no espaço e sem energia, há risco de impacto direto e violento na superfície, dependendo de onde ocorrer a queda.
Contudo, também há chance de que o atrito com a atmosfera terrestre desintegre o objeto antes que atinja o solo. Fatores como o desgaste por tempo e o aumento da atividade solar, que pode expandir a atmosfera superior e alterar o arrasto atmosférico, influenciam a trajetória e a taxa de decaimento da órbita.
Onde pode cair?
A área potencial de impacto cobre grande parte do globo, entre as latitudes 52°N e 52°S. Apesar da incerteza, o risco de atingir regiões habitadas é considerado baixo, já que oceanos e áreas não urbanizadas dominam a superfície terrestre.
Por se tratar de um único objeto relativamente pequeno, o perigo também é comparável ao de um meteoro de cerca de 50 cm de diâmetro. Ainda assim, autoridades e agências espaciais seguem monitorando a trajetória do Kosmos 482, enquanto o mundo aguarda mais detalhes sobre esse raro retorno de uma peça da corrida espacial da Guerra Fria.
(Fonte: tempo.com)