Resumo
- Projeção indica queda no crescimento populacional de Poços a partir de 2032
- População de idosos deve dobrar em Poços de Caldas até 2047
- Estudos indicam que número de idosos ultrapassará o de jovens em Poços de Caldas até 2040
Poços de Caldas está vivendo uma transformação silenciosa, porém profunda, em sua composição demográfica. Dados da Projeção Populacional dos Municípios de Minas Gerais, da Fundação João Pinheiro, divulgados em 31 de março de 2025, mostram que, nas próximas duas décadas, o município enfrentará um processo acelerado de envelhecimento da população, com impactos diretos na economia, nos serviços públicos e nas políticas sociais.
De acordo com a projeção, a cidade manterá taxas positivas de crescimento até o ano de 2032, mas a partir desse período o cenário muda.
Entre 2022 e 2025, o município apresenta uma taxa média de crescimento em torno de 0,35%. O ritmo de expansão continua positivo nos ciclos seguintes – 2025-2026 e 2026-2027 – ainda que com leve redução. No entanto, a projeção indica uma desaceleração significativa entre 2027 e 2032.
A partir de 2032, a taxa entra em queda e passa a ser negativa, evidenciando um possível encolhimento populacional. O declínio se acentua nos anos seguintes, atingindo seu ponto mais crítico entre 2042 e 2047, quando o índice projetado é de aproximadamente -0,7%.
O levantamento serve de alerta para que gestores públicos e urbanistas comecem a planejar políticas voltadas ao envelhecimento da população, à migração e aos desafios que podem impactar o desenvolvimento urbano e econômico da cidade.
Crescimento moderado
A projeção populacional divulgada pela Fundação João Pinheiro revela que Poços de Caldas indica crescimento moderado até 2035, seguido por uma tendência de queda a partir de 2036, tanto na população total quanto na separação por sexo.
Em 2022, o município contava com pouco mais de 170 mil habitantes. Esse número cresce lentamente até atingir o pico por volta de 2034, estabilizando-se em cerca de 175 mil pessoas. A partir de 2036, no entanto, a curva populacional começa a descer, chegando abaixo dos 170 mil habitantes até 2047.
A projeção mostra também uma diferença consistente entre os sexos: o número de mulheres se mantém superior ao de homens ao longo de todo o período analisado. Ambas as curvas seguem trajetória semelhante de crescimento até meados da década de 2030, mas entram em declínio nos anos seguintes.
Os dados reforçam as tendências já indicadas por outras pesquisas, que apontam para o envelhecimento da população, queda da taxa de natalidade e mudanças nos padrões migratórios como fatores determinantes para esse cenário. Assim, o estudo indica a necessidade de revisão nas políticas públicas de planejamento urbano e social, com foco em um futuro menos populoso e mais envelhecido.
Pirâmide etária
A pirâmide etária de Poços de Caldas referente ao ano de 2022, divulgada pela Fundação João Pinheiro, aponta uma transformação importante no perfil demográfico do município: o envelhecimento progressivo dos moradores.
O gráfico mostra uma base mais estreita, indicando que as faixas etárias mais jovens – especialmente de 0 a 14 anos – já representam uma parcela menor da população. Em contrapartida, observa-se um alargamento nas faixas entre 40 e 59 anos, assim como uma presença significativa de idosos com mais de 60 anos, evidenciando a tendência de envelhecimento.
Esse perfil reflete uma combinação de fatores: a queda nas taxas de natalidade, o aumento da expectativa de vida e, possivelmente, a migração de jovens em busca de oportunidades em outras regiões. A pirâmide também confirma a predominância feminina nas faixas etárias mais elevadas, fenômeno comum em função da maior longevidade das mulheres.
Taxa de dependência
Além da mudança no perfil etário, Poços de Caldas também enfrenta um crescimento expressivo na razão de dependência populacional, segundo projeções da Fundação João Pinheiro. O indicador – que mede a proporção de pessoas consideradas dependentes (jovens e idosos) em relação à população em idade ativa – mostra tendência de aumento contínuo até 2047.
Em 2022, a razão de dependência total era de cerca de 0,43, ou seja, para cada 100 pessoas em idade produtiva, havia 43 dependentes. No entanto, esse número deve ultrapassar 0,58 até meados da década de 2040, pressionado principalmente pelo crescimento da razão de dependência idosa, que deve quase dobrar no período.
Enquanto a dependência jovem (de 0 a 14 anos) segue trajetória de queda leve e constante, a dependência idosa cresce em ritmo acelerado, ultrapassando a jovem já nos próximos anos. Essa inversão reflete o mesmo fenômeno identificado na pirâmide etária: a diminuição da natalidade e o aumento da longevidade.
Esse cenário impõe grandes desafios socioeconômicos ao município. Com uma população economicamente ativa proporcionalmente menor, haverá maior pressão sobre os sistemas de saúde, previdência e assistência social, além da necessidade de adaptação do mercado de trabalho e da infraestrutura urbana para atender uma população mais envelhecida.
Número de idosos ultrapassará o de jovens
As projeções populacionais para Poços de Caldas indicam uma mudança drástica na composição etária da população até 2047. Os dados da Fundação João Pinheiro revelam que, enquanto o número de crianças e adolescentes (0 a 14 anos) segue em queda constante, o contingente de idosos (60 anos ou mais) cresce de forma expressiva.
Atualmente, os idosos já se aproximam da faixa dos 60 mil habitantes, e devem ultrapassar o número de jovens antes de 2040. A população economicamente ativa (15 a 59 anos), que hoje representa a maioria, também começa a mostrar tendência de declínio após atingir o pico.
Essas mudanças reforçam a tendência de envelhecimento populacional no município e têm implicações diretas na economia, nas políticas públicas e nos serviços essenciais. O aumento da população idosa exigirá maior investimento em saúde, mobilidade, moradia adaptada e políticas de inclusão.
Por outro lado, a redução no número de crianças e jovens pode impactar a demanda por creches, escolas e projetos voltados à infância e juventude.
No caminho do envelhecimento: desafios e oportunidades
O envelhecimento da população traz uma série de implicações. A demanda por serviços de saúde, especialmente de média e alta complexidade, aumentará. A previdência social também será pressionada, assim como os serviços de assistência e inclusão.
Por outro lado, esse novo perfil abre espaço para a economia prateada: produtos, serviços e soluções voltadas ao público idoso tendem a ganhar protagonismo. Políticas públicas mais adaptadas ao envelhecimento ativo e saudável serão fundamentais para garantir qualidade de vida e inclusão social.
Poços de Caldas, portanto, precisa se preparar para essa nova realidade demográfica. A cidade de 2047 será mais envelhecida, menor em número de habitantes, mas potencialmente mais experiente — e isso exige planejamento, inovação e sensibilidade nas decisões que moldarão seu futuro.
Minas Gerais
Minas Gerais deve alcançar 21,9 milhões de habitantes em 2037 e, a partir de então, apresentar declínios de população até 2047, quando o total de habitantes deverá ser de 21,7 milhões. A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do Censo 2022 foi o ponto de partida para a Fundação João Pinheiro (FJP) calcular as estimativas populacionais para os 853 municípios do estado, incluindo recortes por sexo e por faixa etária, e para as 13 Regiões Geográficas Intermediárias (RGInt) de Minas Gerais.
A pesquisa da Fundação mostra como se dará a consolidação do processo de envelhecimento da população do estado, iniciado na segunda metade do século XX, segundo suas regiões e municípios.