
A sensação térmica vai além da temperatura medida pelos termômetros. Ela considera a umidade relativa do ar, que afeta diretamente como o corpo percebe e responde ao calor. E também a velocidade dos ventos, que altera a maneira como nosso suor evapora, dissipando as altas temperaturas corporais. Isso acontece porque a maneira como percebemos o calor depende da evaporação do nosso suor.
O problema surge quando as condições atmosféricas atingem níveis que impedem a evaporação do suor, nosso principal mecanismo de resfriamento. A partir daí, o corpo não consegue se resfriar e as altas temperaturas podem levar a grandes problemas de saúde e até mesmo à morte.
Corpo humano falha
Pesquisas indicam que o limite teórico para a sobrevivência humana ocorre com uma temperatura de bulbo úmido de 35°C. Esse parâmetro é similar à sensação térmica e também combina temperatura e umidade para representar a real dificuldade do corpo em dissipar calor.
Acima desse limite, mesmo pessoas jovens e saudáveis podem sofrer insolação, falência de órgãos e até morte em poucas horas. Mas estudos recentes sugerem que o corpo humano pode entrar em colapso antes mesmo da temperatura de bulbo úmido atingir 35°C.
Testes com voluntários indicam que, em ambientes úmidos, a regulação térmica começa a falhar muito antes, quando a temperatura de bulbo úmido atinge cerca de 31°C – o que equivale a uma temperatura do ar de 31°C com 100% de umidade relativa, ou 38°C com 60% de umidade.
Riscos
Nessas condições, a dissipação de calor se torna ineficaz, a temperatura corporal sobe rapidamente e aumentam os riscos de insolação e exaustão térmica. Se o corpo não consegue se resfriar, o coração trabalha mais para manter a circulação, enquanto a desidratação se intensifica.
Em 2022, mais de 61 mil pessoas morreram na Europa devido à condições similares, que ocorrem durante ondas de calor e afetam especialmente idosos, crianças e trabalhadores expostos ao sol. Em julho de 2023, a cidade iraniana de Asaluyeh registrou uma temperatura de bulbo úmido de 33,7°C e sensação térmica de 66,7°C, níveis extremamente perigosos para a saúde.
Infelizmente, situações de calor extremo estão se tornando frequentes até mesmo no Brasil, onde diversos estados têm registrado temperaturas recordes nos últimos meses, com vítimas por vezes fatais.
Com o avanço das mudanças climáticas, eventos desse tipo podem se tornar mais frequentes e intensos. Modelos climáticos sugerem que, muito em breve, algumas regiões do planeta poderão enfrentar temperaturas de bulbo úmido superiores a 35°C de maneira regular, tornando-se virtualmente inabitáveis para seres humanos.
Bulbo úmido
A temperatura de bulbo úmido é uma medida que indica a temperatura do ar considerando a umidade. É diferente da de bulbo seco, que é medida por um termômetro comum. É a temperatura que se sente quando a pele está molhada e está exposta à movimentação de ar.
(Com informações do tempo.com)