O ator e produtor cultural Clisthenis Betti celebra 35 anos de uma carreira marcada por desafios, conquistas e contribuições significativas para as artes cênicas. Natural de Poços de Caldas, o artista começou sua trajetória inspirado por figuras populares da década de 1970, como a cantora Nikka Costa e o ator que interpretava Pedrinho no “Sítio do Pica-pau Amarelo”.
“Desde criança, eu sonhava em ser ator. Pensava: se eles, que também são crianças, conseguem, por que eu não conseguiria?”, relembra Clisthenis.
Primeiros passos no teatro
A estreia nos palcos veio em 1990, aos 17 anos, quando participou de uma montagem teatral em tributo a Raul Seixas. Apesar de o espetáculo ter sido cancelado, a experiência serviu como porta de entrada para o teatro. No mesmo ano, Clisthenis encontrou a renomada diretora poços-caldense Nicionelly de Carvalho, com quem realizou seu primeiro curso de iniciação teatral no Conservatório Musical.
Foi nesse período que ele precisou conciliar diversas responsabilidades, como o trabalho em uma loja de calçados, a escola, o tiro de guerra e os ensaios. A determinação, no entanto, foi maior. “Perguntei ao meu professor de Português o que deveria fazer, e ele me disse: ‘vá fazer teatro’. Foi o empurrão que eu precisava”, conta.
Conquistas e desafios
Nos anos seguintes, Clisthenis começou a atuar e escrever para grupos de teatro amador em Poços de Caldas e, em 1993, mudou-se para Pouso Alegre e depois para Campinas, onde integrou importantes companhias teatrais. No final da década de 1990, profissionalizou-se como ator ao atuar com o Teatro Lala Schneider, de Curitiba, e participou de produções televisivas no Rio de Janeiro, como na extinta TV Manchete e na Rede Globo.
Apesar das oportunidades, as dificuldades das grandes cidades levaram Clisthenis a retornar a Poços de Caldas em 2000. Foi então que fundou a Companhia de Teatro Monteiros e Lobatos, lançando a peça “A Fantástica Máquina de Reciclagem”, que se tornou um marco em sua carreira. O espetáculo, que aborda questões ambientais, já foi premiado em festivais e está em cartaz há 25 anos.
Legado artístico e projetos sociais
Além de mais de 300 trabalhos no currículo, Clisthenis é reconhecido por democratizar o acesso à arte. Em 2021, transformou um de seus textos teatrais em livro e, em 2022, lançou “O Rei Sapo”, distribuindo gratuitamente mais de 2 mil exemplares para crianças.
Atualmente, Clisthenis se dedica a diversos projetos, como cursos de teatro, apresentações em hotéis e empresas, e peças de rua. Ele também trabalha em parceria com a prefeitura de Poços de Caldas, levando cultura à comunidade.
“Minha trajetória mostra que viver de arte é possível, mas exige determinação, paixão e estudo. Sempre digo aos jovens: nunca abandonem a escola. Eu retomei meus estudos em Curitiba, conclui o ensino médio em Poços e quando voltei, em 2017, concluí minha graduação em História em São João da Boa Vista. Continuo aprendendo e criando. São 35 anos de carreira e quase 53 de vida, e sinto que ainda há muito a fazer”, conclui o artista.
Com uma história inspiradora, Clisthenis Betti segue sendo destaque nas artes cênicas em Poços de Caldas. Provando que o talento aliado à persistência pode transformar sonhos em realidade.