No último dia 20, aconteceu o primeiro transplante de córnea de Itajubá, município do sul de Minas. A cirurgia foi realizada no Hospital de Clínicas em uma paciente de 83 anos,vítima de uma perfuração ocular. A nova córnea veio do Ceará, por meio da Central Nacional de Transplantes. A paciente da cidade de Marmelópolis, localizada também no sul de Minas, evoluiu muito bem, recebendo alta do hospital na manhã seguinte.
Credenciamento
Com o credenciamento do Hospital, iniciado em novembro deste ano, a instituição passa a ser mais um integrante da Rede mineira para diminuir a fila de transplante de córnea no estado. Mais de dez pacientes esperam pela liberação deste procedimento no sul de Minas Gerais. Eles já estão computados no sistema da MG Transplantes, que coordena a logística no estado. No entanto, quase quatro mil pessoas aguardam por um transplante de córnea em Minas Gerais. Essa é a maior fila de espera por um órgão ou tecido já registrada no estado, segundo a MG Transplantes. Credenciado para cirurgias pelo sistema público de saúde, o HCI pode auxiliar na demanda de pacientes da região.
Como centro transplantador, o HCI possui uma Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante. Esse grupo tem a responsabilidade de realizar uma busca ativa de potenciais doadores no hospital e auxiliar na condução dos protocolos, sempre respeitando a legalidade e a segurança. A comissão também é responsável pela capacitação contínua dos profissionais de saúde, garantindo que estejam preparados para identificar e lidar adequadamente com situações de potencial doação, além de seguir os protocolos legais e éticos necessários. O hospital realiza, ainda, palestras e outros eventos que levam informações sobre doações para a comunidade local. Segundo Goretti Parada, gerente de Políticas Públicas e Privadas do HCI, as Comissões são as menores células do Sistema Nacional de Transplantes, mas as mais importantes. “Elas é que vão comunicar à Organização de Procura de Órgãos sobre a existência de um doador”.
Por que a fila é tão grande?
Há dez anos, Minas Gerais vivia um momento de “fila zero” para o transplante de córnea. Um cenário em que a captação de tecidos oculares era suficiente para atender toda a demanda em poucos meses. No entanto, a situação começou a se reverter a partir de 2015. Quando o número de pessoas aguardando por uma córnea no estado aumentou, atingindo 371 pacientes. Com a chegada da pandemia de covid-19, novas medidas sanitárias foram adotadas para garantir a segurança dos transplantes durante a emergência de saúde pública. Mas isso também resultou em um crescimento ainda maior da fila. Entre 2019 e 2021, o número de pessoas na espera quase dobrou, passando de 1.270 para 2.473. Atualmente, o tempo médio de espera pelo transplante de córnea em Minas Gerais é de cerca de dois anos e meio.
Em 2023, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), implementou medida para aumentar o número de transplantes de órgãos e tecidos no estado. Com a Deliberação 4.330 e a Resolução 8.955, estabeleceu-se a Política Continuada de Ampliação da Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos.