As águas termais de Poços de Caldas têm uma história que se perde na memória dos tempos. Segundo relatos, a origem dessa riqueza natural remonta a séculos, quando caçadores que adentravam a região descobriram bebedouros naturais (barreiros) onde os animais frequentavam em grande número.
Essas fontes termais jorravam, formando terrenos alagadiços, e durante a seca se transformavam em um aglomerado esbranquiçado, chamado de “barro branco”. Acreditava-se que o gado que bebia dessas águas engordava fantasticamente, devido aos sais nelas contidos.
Pedro Sanches
A opinião mais consolidada sobre o descobrimento das águas medicinais é atribuída ao Dr. Pedro Sanches de Lemos, que chegou a Poços em 1870 e testemunhou o início da vida termal da estância. Em seu livro “Notas de Viagem”, ele fez um estudo comparativo entre as estações de água da Europa e a de Poços.
Entretanto, evidências apontam que as águas termais de Poços já eram conhecidas desde 1775, conforme relato do médico Dr. Manoel da Silveira Rodrigues em sua “Memória sobre as águas hidro-sulfuradas de Minas Gerais”, publicada em 1835. Nesse texto, ele descreve a existência de “águas que vertiam das entranhas da terra” há cerca de 60 anos.
Infernal
Devido à forte presença de enxofre em sua composição, as águas termais também levantavam suspeitas sobre sua origem “infernal”. A ignorância e o medo da população geraram preconceitos e histórias fantásticas, chegando a atribuir a presença do próprio diabo naquele local. O nome da fonte de maior temperatura, “Pedro Botelho”, inclusive, é uma corruptela de “Pero el Botero”, uma das denominações medievais do demônio.
Apesar dessas lendas, as propriedades medicinais das águas de Poços de Caldas eram reconhecidas desde o século XVIII, com relatos de cura de doenças como a hanseníase. Essa riqueza natural tornou-se um marco da história e da identidade da cidade.