O mosquito da espécie Aedes aegypti é o vetor de alguns vírus causadores de doenças chamadas arboviroses. Dentre as doenças mais comuns que ele transmite estão a dengue, zika vírus e febre chikungunya.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, desde o início do ano até 23 de outubro, já são 5.680 óbitos por dengue, sendo a maioria dos casos registrados no estado de São Paulo.
O mosquito transmite o vírus para o ser humano através da picada, por isso é tão importante o uso de repelentes, além de outras medidas para evitar a reprodução desses insetos, é claro. Mas além disso, o uso de inseticidas para o controle da população dos mosquitos também tem sido adotado em vários lugares do mundo.
Contudo, um novo estudo realizado na Argentina e divulgado na revista Parasites & Vectors revela uma nova mutação do Aedes aegypti, que o torna mais resistente a um tipo bem comum de inseticida. É a primeira vez que esse tipo de mosquito ‘mutante’ foi identificado neste país.
Aedes aegypti mutante e mais resistente
Pesquisadores do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (Conicet), da Fundação Mundo Sano e do Instituto Oswaldo Cruz coletaram ovos de mosquitos Aedes aegypti nas cidades de Orán, Tartagal, Clorinda e Puerto Iguazú, ambas no norte da Argentina, e os colocaram em criadouros para que atingissem a fase adulta em laboratório.
Sob rigorosas medidas de biossegurança, os pesquisadores expuseram os insetos a doses normalmente letais de piretróides, um tipo de inseticida comum que contém uma substância chamada permetrina na sua fórmula.
Então, eles observaram que todas as populações de mosquitos testadas tinham uma resistência muito alta a esse tipo de inseticida. “Testamos as doses, usando inclusive uma quantidade dez vezes maior das normalmente aplicadas. E os mosquitos ainda se mantiveram resistentes”, disse Laura Harburguer, pesquisadora do Conicet e coautora do estudo.
Os cientistas concluíram, então, que existe uma mutação genética. Ela foi chamada de V410L, até agora ignorada no Aedes aegypti, a qual está correlacionada com a capacidade de resistir ao efeito de inseticidas piretróides.
Segundo o estudo, além desta mutação foram detectadas outras duas que já são conhecidas pela ciência: a F1534C e a V1016I. Juntas, essas três mutações genéticas estão envolvidas na alta resistência dos mosquitos aos piretróides. Ainda, a resistência aos piretróides é um resultado do uso intenso deste produto, afirmam os autores.
(Fonte: meteored-tempo.com)