A criação de animais de grande porte em áreas urbanas, especialmente cavalos, tem sido um desafio cada vez mais significativo para as autoridades e comunidades. A prática levanta diversas preocupações relacionadas à saúde pública, bem-estar animal, impactos ambientais e segurança dos moradores. Poços de Caldas faz parte da estatística de inúmeros municípios que não têm legislação vigente que proíba tal prática. Isso faz com que cotidianamente haja animais de grande porte, principalmente cavalos, perambulando pelas ruas em diversos horários. Sempre em busca de comida, revirando lixeiras e incomodando moradores. Muitas vezes estão em número considerável, incluindo éguas prenhes e potrinhos. Acidentes e atropelamentos são preocupações recorrentes.
A presença desses animais em vias públicas tem relação, em grande maioria das vezes, com o serviço de charretes. Após o término de suas penosas jornadas diárias, os cavalos são soltos pelos proprietários, sem a devida supervisão. A apreensão de cavalos de charreteiros corrobora com essa informação. Basta acompanhar as publicações no Diário Oficial do Município. Entretanto, os vereadores parecem não fazer essa ligação entre os assuntos. E parecem, também, não entenderem que proibir a criação de animais de grande porte na área urbana colocaria fim na quase totalidade desse “abandono temporário” pelas ruas. Seja de cavalos pertencentes a charreteiros ou a outros criadores.
Manter animais de grande porte, como cavalos, em espaços urbanos restritos geralmente compromete seu bem-estar. Esses animais têm necessidades específicas relacionadas a alimentação, exercício, socialização e espaço que dificilmente são atendidas de forma adequada em ambientes urbanos, o que pode levar a problemas comportamentais e de saúde. Sem contar os riscos de transmissão de doenças zoonóticas, além de gerar problemas de saneamento devido à produção de resíduos orgânicos. A prática também gera impactos ambientais significativos, como a poluição do ar e da água pela emissão de gases e dejetos, além do aumento da carga sobre os sistemas de infraestrutura local, como a coleta de resíduos.
Tem solução? Para lidar com esse problema, algumas cidades têm adotado medidas como a proibição ou restrição da criação desses animais em zonas urbanas ou programas de realocação para áreas rurais. No entanto, essas soluções enfrentam desafios, como a resistência de proprietários, a falta de estrutura adequada e a necessidade de investimentos públicos. E aí reside, mais uma vez, a falta de iniciativa de vereadores e outras autoridades. Não há interesse em políticas públicas, estudos, planejamentos ou alguma abordagem para o fim de mais um problema que envolve os animais na cidade. Quem sabe na próxima legislatura?