Além da essencial obra publicada, Antônio Cândido (1918-2017) deixou 74 cadernos inéditos. Baseado nos dois últimos, o documentário ” Antônio Cândido, anotações finais”, de Eduardo Escorel, inclui comentários escritos entre 2015 e 2017. O sociólogo e crítico literário fala de temas como sua fragilidade física, a crise política da época, gostos literários e musicais, e lembranças de Gilda, sua mulher. Fotografias e gravações complementam o texto, dando acesso às reflexões de Antônio Cândido frente à iminência do fim.
Poços de Caldas
O documentário chega às salas de cinema a partir de 26 de setembro. Em Poços de Caldas haverá sessões com debate no Instituto Moreira Salles (IMS).
A exibição em Poços de Caldas, onde Antônio Cândido viveu de 1930 a 1942, acontece dia 26 de setembro, às 19h, com participação de Maria José de Souza (Tita) e Eduardo Escorel, e mediação de Marcelo Leme.
Textos
Os textos que deram origem ao filme foram “Prós e contras” e “O pranto dos livros”. “O filme que estreia agora resulta do impacto da leitura desses dois textos tão instigantes”, define o diretor Eduardo Escorel. “No primeiro, Cândido revê a luta contra a ditadura do Estado Novo, da qual participou de 1942 a 1945, tendo se associado à opinião liberal contra o que parecia manifestação de fascismo. No outro, ele imagina estar fechado em um caixão à espera de ser cremado, enquanto seus livros choram lágrimas invisíveis”, resume o diretor.
Narração
O narrador do filme é o ator paulista Matheus Nachtergaele. “Foi um desafio bonito botar a voz em um projeto tão pessoal do Eduardo Escorel como esse de narrar os últimos diários de vida de um mestre revolucionário, mas sereno que é Antônio Cândido “, relembra. “Era preciso uma melancolia, mas não uma tristeza. Era preciso uma paixão educada, como é o retratado”, complementa. Ele conclui dizendo: “É um filme com a melancolia do fim de uma vida, mas com o otimismo de quem acredita no Brasil, ainda”.