Kaique Jacauna Reis foi inocentado da acusação de ter matado o estudante e guarda patrimonial Gabriel Maciel dos Santos durante sessão do tribunal do júri na última sexta-feira (30). A defesa do acusado conseguiu convencer os jurados que, embora Kaique tenha esfaqueado a vítima, a lesão causada por ele não causou a morte.
O júri teve início às 8h30 com as acusações de que Kaique seria o autor das facadas que tiraram a vida de Gabriel. Inclusive, ao ser preso e durante a fase processual, o réu apresentou sua versão dos fatos. Ele deu detalhes do que havia acontecido antes do crime, como invadiram a república e que ele pegou uma faca e acertou a vítima, fugindo em seguida.
No entanto, ao defender Kaique, os advogados Thiago Ferreira Fonseca e Denise Carvalho Assis, conseguiram provar que seu cliente, embora tenha ferido a vítima, não foi o responsável pelo resultado morte. Em nota, os advogados esclareceram que a tese da defesa se baseou em esclarecer “pontos cruciais que até então permaneciam obscuros para os jurados”.
Defesa
Entre os pontos apresentados estava a informação de que o réu confessou. Segundo a defesa, ele se apossou de uma faca encontrada na própria residência e dado um único golpe na vítima, mas com a intenção de defender um amigo que havia entrado em luta corporal com Gabriel.
Ainda segundo os dados da defesa, com base no laudo pericial, este golpe atingiu as costas da vítima, abaixo da escápula, e perfurou o pulmão perfurado. “Baseando-se no laudo da perícia e também em depoimentos prestados pelas testemunhas da acusação, a defesa comprovou que um segundo golpe letal foi a causa da morte do estudante, que ocorreu quando o acusado já não estava mais na cena do crime. A perícia concluiu que a vítima morreu depois de ter sido esfaqueada na cabeça, com a faca perfurando a orelha e atingindo uma artéria carótida”, esclarece a nota.
Diante das argumentações, os jurados votaram pela absolvição do réu. Kaique, que estava preso desde fevereiro de 2023, foi colocado em liberdade ao fim da sessão do júri.
A sentença deixou familiares e amigos da vítima revoltados. Porém, a decisão do júri é soberana, ou seja, o veredicto dos jurados não pode ser modificado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri.
Como se trata de sentença de 1a instância, ainda cabe recurso. A reportagem do Poços Já entrou em contato com o Ministério Público e com os advogados que deram assistência à acusação, mas ainda não obteve resposta.
O crime
Gabriel foi morto dia primeiro de novembro de 2022 na rua da Saudade. Quando o réu e dois comparsas Brendo Henrique Lourenço e Victor Hugo Modesto invadiram a república da vítima e o esfaquearam. Além disso, eles roubaram outras quatro pessoas que estavam na casa.
Segundo o registro da Polícia Militar, três homens foram expulsos de um bar ao lado da república após consumirem bebida alcoólica e causarem desordem no local. Testemunhas disseram que ao sair de lá eles começaram a provocar pessoas que estavam na festa da república.
Um dos rapazes pulou o muro da casa e, armado com uma faca, entrou em luta corporal com Gabriel dos Santos, esfaqueando-o em seguida.
A vítima estudava biologia e trabalhava como guarda patrimonial em uma universidade em Poços de Caldas.
Os dois homens condenados foram presos ainda no dia do crime. Enquanto Kaique foi detido em março de 2023.
Condenações
O mesmo caso já foi julgado em outro processo terminando com a absolvição de Anderson Geraldo da Silva, após a defesa convencer o júri de que ele não teve nenhum envolvimento, pois é vizinho do bar e da república, e estaria apenas tentando separar a briga.
Já outros dois suspeitos foram condenados. Brendo Lourenço foi sentenciado a 10 anos e 8 meses de prisão pelos crimes de rixa e roubo qualificado. Victor Hugo Modesto foi condenado a 22 anos e 6 meses, em regime inicial fechado, pelos crimes de homicídio doloso qualificado e roubo qualificado.