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Transplantes em Minas podem superar o ano passado

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Transplantes em Minas podem superar o ano passado, o melhor índice da década
Maria Eduarda de Deus, que fez transplante de coração em tempo recorde (Foto Francis Campelo)

A expectativa otimista está amparada pelos números. Considerando o atual cenário em Minas Gerais, com 727 transplantes de órgãos realizados até agosto e o número recorde do ano passado (1.067) – o melhor desempenho em dez anos – é possível que 2024 mantenha ou mesmo supere a performance de 2023, que teve uma média de 89 transplantes de órgãos por mês. Este ano, até agora, a média é de 90 cirurgias mensais.

“Acredito que vamos superar 2023, pois, a partir de junho deste ano, observamos o aumento da captação em relação ao ano anterior. Historicamente, o segundo semestre é melhor que o primeiro”, explica o cirurgião e diretor do MG Transplantes (MGTX), Omar Lopes Cançado. A instituição é vinculada à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

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O aumento de doadores de múltiplos órgãos confirma essa tendência e indica um possível crescimento no número de doações e de transplantes realizados. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em Minas, em 2021, foram 199 doadores desse tipo; em 2022, subiu para 244 e, em 2023, cresceu ainda mais, totalizando 296 doadores. Some-se a isso o fato de que a taxa de recusa familiar, que era de 38,4% em 2022, caiu para 31,4% no ano passado.

Desempenho histórico

Essa trajetória de crescimento das doações de órgãos (e o consequente aumento das cirurgias para transplantes em Minas) é resultado de vários fatores que, juntos, contribuíram para o desempenho histórico este ano, que registrou 516 cirurgias de rim, 134 de fígado, 58 de coração, 15 de pâncreas/rim e quatro de pâncreas ao longo dos últimos oito meses.Entre os motivos, estão os treinamentos em comunicação de situações críticas, que aprimoram a capacidade das equipes para conversarem com as famílias, e pela capacitação de médicos para o diagnóstico da morte encefálica – ambos realizados pela equipe do MGTX. Outros fatores positivos são o incentivo às doações, instituído no final de 2023 pelo Governo de Minas, dentro da “Política Continuada de Ampliação à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos”, e as campanhas permanentes de conscientização da população sobre o assunto – em especial o Setembro Verde – que reforça a importância de informar à família a decisão de ser doador.

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Resultados a médio prazo

A expectativa é de que, a médio prazo, o incentivo financeiro do Governo de Minas, destinado aos hospitais do estado que aderirem à política continuada, leve ao aumento do número das Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTTs).“Esperamos pelos impactos da política de incentivo às doações. O número de CIHDOTTs está progredindo nesse sentido, pois elas estão se organizando. Vale ressaltar que não são todos os hospitais que necessitam constituir CIHDOTT. Isso depende do porte da instituição e do número de óbitos ocorridos anualmente”, acrescenta Omar Cançado. Para ampliar os resultados positivos experimentados nos dois últimos anos, cabe, ainda, melhorar a capacidade dos hospitais para realizar o protocolo de morte encefálica, de modo a aumentar as notificações.

Mudança de cultura

A lista de espera por transplantes em Minas tinha quase 8 mil nomes até agosto (7.811). Desse total, 3.846 aguardavam por órgão e os outros 3.965 por córnea. Em relação a órgão, a maioria esperava por rim (3.679), seguido por fígado (80) e coração (22). O diretor enfatiza a importância da doação como meio de salvar vidas. “Devemos mudar a cultura da população, e isso leva tempo. A educação para a importância do ato de doar órgãos e tecidos deve vir desde a infância, para que, no futuro, todos sejam doadores e compreendam o significado dos transplantes para a manutenção da vida de milhares de pessoas em todo o país”, pontua Omar Cançado.

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Segunda chance

O servidor público Fábio Rodrigo de Deus, 43 anos, casado, relata as circunstâncias que levaram ao transplante de coração de sua única filha, Maria Eduarda, de 16 anos.Desde a infância, Duda sempre foi uma menina muito ativa: praticava natação, ginástica artística, frequentava aulas de dança e estava iniciando na musculação. No entanto, as múltiplas atividades da filha foram interrompidas há cerca de dois meses, depois de ela ter se recuperado de um quadro de dengue, em fevereiro deste ano. Com sintomas como perda de visão periférica, desconforto abdominal e mal-estar, Maria Eduarda acabou diagnosticada com um quadro gravíssimo de insuficiência cardíaca. Em 29 dias, o pai da jovem viu todas as certezas serem desconstruídas diante da possibilidade de perder a filha. “Ouvir que a única solução para a minha filha seria o transplante foi devastador”. Para alívio da família, o transplante foi viabilizado em tempo recorde.“O tempo de espera pelo transplante foi muito curto, fomos agraciados com uma segunda chance em oito horas – entramos na lista de espera no dia 3/5 e no dia seguinte a cirurgia foi realizada”, conta. O sentimento de esperança tomou conta da família.”Quando reencontrei a Maria, existia vigor novamente. A palidez já não a acompanhava, estava corada, a boca rosada e o monitor cardíaco em um ritmo mais compassado e estável. Um sentimento de leveza tomou conta de mim, era possível respirar um pouco mais aliviado”, lembra o pai da jovem.

Gratidão

Fábio afirma que é impossível permanecer da mesma forma depois de tudo que viveu. “A vida é inconstante e incerta. Quando passamos por algo assim, chegamos à conclusão de que faltou abraço, faltou carinho, faltou olhar, faltou o eu te amo. Com o transplante da minha filha, consegui perceber o amor das pessoas e ter esperança novamente em um mundo melhor.” O pai afirma ser eternamente grato às pessoas que ajudaram na recuperação da filha: a equipe médica e, especialmente, ao doador e sua família.Ele ressalta que, até então, a doação de órgãos e a realização de transplantes eram temas que sempre ouvia falar por meio do noticiário, de filmes ou novelas, mas que nunca teve contato com quem passou por um transplante.“Somente agora compreendo o quão complexo e importante é esse tema, que deve ser tratado de forma cotidiana. Muitas famílias não sabem que seus entes gostariam de ser doadores e muitas pessoas têm receio de se declarar doadores devido à falta de conhecimento sobre o assunto”. E diz que vai replicar a cultura da doação. “Deve ser muito difícil, no momento da dor pela perda, pensar no outro e em dividir e ajudar. Mas saber que, aquele que está partindo pode restaurar a vida de até oito pessoas, pode trazer um pouco de conforto”, pondera Fábio.

 



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