Integrando a programação do Festival de Inverno, o ator e dramaturgo Aldo Vieira apresenta, neste sábado (20), seu mais novo espetáculo teatral “A Coisa Tá Ficando Preta”. Dessa maneira, a peça promete trazer à tona reflexões contundentes sobre as experiências e vivências de um homem negro em meio às estruturas racistas da sociedade contemporânea.
A dramaturgia é construída a partir de um material doloroso e real: frases racistas ouvidas diariamente por homens e mulheres negras em diversas situações do cotidiano. A proposta, portanto, é transformar essas agressões verbais em uma narrativa poderosa que desnuda e questiona as bases do racismo estrutural. O autor se apoia no pensamento e obra de Frantz Fanon – psiquiatra e filósofo político natural das Antilhas francesas, da colônia francesa da Martinica; Neusa Santos – psiquiatra, psicanalista e escritora brasileira, e Augusto Boal – diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, para desenvolver e apresentar perspectivas sobre a experiência negra e as lutas enfrentadas pelos negros em contextos dominados pela branquitude. Destacando ainda a importância da autoafirmação, da resistência e da busca pela emancipação em face do racismo.
Jornada de resistência
O protagonista, interpretado pelo próprio Aldo Vieira, embarca em uma jornada de autoconhecimento e resistência, na qual enfrenta os desafios impostos por uma sociedade que insiste em manter suas barreiras discriminatórias. Desse modo, a peça não se limita a retratar a dor e a indignação, mas também ilumina o processo de desvelamento e desconstrução das estruturas racistas, propondo uma reflexão coletiva e um convite à transformação social.
“A Coisa Tá Ficando Preta” é mais do que uma obra teatral, é um manifesto artístico e social. “Através da arte, podemos abrir espaços para diálogos necessários e urgentes. Quero que o público sinta, reflita e, acima de tudo, se mobilize. Cada experiência retratada na peça é uma chamada para a ação contra o racismo”, declara o ator e autor.
O espetáculo é uma combinação de monólogos intensos, diálogos afiados e uma cenografia instigante, que coloca o foco na interpretação visceral de Aldo Vieira. A direção cênica é da atriz e diretora Leidy Nara.
Ficha técnica
Aldo Vieira – dramaturgia e interpretação
Leidy Nara – direção cênica e iluminação
Pedro Delboni – sonoplastia
João Ferreira (Xuão) – fotógrafo
Danielle Vilas Bôas – produção executiva
Serviço
“A Coisa Tá Ficando Preta”
Dia 20 de julho, às 20h (sessão única)
Teatro Municipal Benigno Gaiga – Urca
Ingressos à venda – R$ 20
Podem ser adquiridos antecipadamente na plataforma Sympla (https://www.sympla.com.br/) ou na portaria no dia do evento.
Membros e integrantes do Centro Cultural Afro-Brasileiro Chico Rei, da Associação Filhos do Bonfim, do projeto Chibata e do Movimento Negro Laudelina de Campos Melo (Uemg) poderão adquirir os ingressos pelo valor simbólico de R$10.