A série coreana The 8 Show não poderia ser mais genérica. Mira no sucesso de Round 6 e se apoia no controverso O Poço, ambas produções da Netflix, para tentar criar algo novo. Mas o resultado é só mais uma história de competição sangrenta que leva os participantes ao limite físico e psicológico.
É assim: oito pessoas endividadas são presas em um teatro e ganham uma fortuna somente para estar ali. O objetivo do grupo é entreter o público para conseguir passar mais tempo recebendo o suposto dinheiro fácil.
Neste contexto surge uma série de jogos de poder, alianças, traições e bizarrices diversas. Ou seja, desde o primeiro episódio já dá para saber mais ou menos tudo que vai acontecer.
Fica nítido que a série é dessas produzidas pelo algoritmo: junte clichês que o público gosta de ver, o sucesso vem!
Mas é claro que nem tudo precisa ser uma grande obra de arte original e criativa para valer a pena. Os oito episódios de 40 minutos até passam rapidamente, devido à grande quantidade de reviravoltas e cenas cheias de tensão.
Roteiro preguiçoso
O desenvolvimento dos personagens é raso, como se já pudéssemos prever seus próximos passos. Essa turminha tem o jovem sonso, a menina maluca, o cara valentão, a senhora mãezona, o rapaz inteligente e mais alguns velhos conhecidos.
Em certos momentos (principalmente no último episódio) os supostos efeitos especiais fazem o espectador tirar o foco da história e lembrar que o chroma key é uma técnica complexa até mesmo para as mentes mais brilhantes do planeta. Só assim pra responder à pergunta: o que foi aquilo?
A produção ainda oferece um sopro de autocrítica, porque considera genial incluir um pouquinho de metalinguagem. Em resumo, dá pra passar um domingo assistindo The 8 Show, mas isso só vai fortalecer o algoritmo.
*João Araújo é jornalista, dramaturgo, documentarista, ator e palhaço.