As sessões de “O menino e a garça”, no Cine Marquise Ultravisão, estão lotadas. A animação, do renomado diretor japonês Hayao Miyazaki, mostra que as técnicas 2D ainda têm muito a acrescentar ao cinema.
O filme concorre ao Oscar 2024 de melhor animação e tem como principal concorrente o rebuscado “Homem-Aranha: através do aranhaverso”. Dessa forma, Miyazaki prova que as boas histórias são independentes da alta tecnologia, das técnicas 3D e das absurdamente agressivas campanhas de marketing.
Ainda neste sentido, a estética do filme é primorosa. O público se vê dentro de pinturas impressionistas e paisagens oníricas. Tudo para deixar ainda mais delirante e fantasiosa a jornada de um pequeno herói em busca de superar o luto e se adaptar a drásticas mudanças.
Afinal, a história se passa durante a Segunda Guerra Mundial. Um menino de 12 anos, Mahito, tem a vida alterada após a morte da mãe. Ele sai de Tóquio e passa a viver na zona rural, onde encontra uma garça falante e uma torre abandonada. É ali que ocorre o chamado para a aventura e para, consequentemente, o crescimento pessoal.
Mais uma vez, Miyazaki traz para o cinema uma contribuição forte e ao mesmo tempo sensível. Vale a pena conhecer a filmografia do diretor, que inclui clássicos como Meu amigo Totoro e A viagem de Chihiro (vencedor do Oscar de melhor filme de animação em 2003).
Talvez o único ponto negativo sejam as duas horas de duração. Lá no último ato pode ser que o público esteja um pouco cansado. Além disso, o roteiro pode ser confuso. Mas, mesmo assim, o que fica não é o entendimento de todos os detalhes, causas e efeitos, mas sim as impressões e sensações que a obra provoca.
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*João Araújo é jornalista, dramaturgo, documentarista, ator e palhaço.