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Zona de Interesse: o maior incômodo é a identificação 

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 Cena do filme Zona de Interesse
Zona de Interesse: filme é baseado em fatos (imagem: divulgação)

Um dia ensolarado de verão, o calorzinho ideal para um banho de piscina. As crianças brincam na água, os adultos relaxam tomando sol. A cena seria feliz não fosse a vizinhança: uma chaminé exala a fumaça preta que é produto da incineração dos judeus. 

Zona de Interesse, longa-metragem indicado ao Oscar 2024 (inclusive na categoria Melhor Filme), chegou nesta semana aos cinemas brasileiros. A direção do inglês Jonathan Glazer quer incomodar. E consegue. 

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Destaque para o roteiro, que evita as explicações e instiga o público a ruminar cada cena, seja mostrando as atividades dos funcionários da casa ou as brincadeiras das crianças. A montagem eleva a percepção do filme a outro nível de complexidade. Até vale a pena assistir mais de uma vez. 

À medida que avança, é perceptível que não se trata de uma história convencional. O filme tem como fio condutor a rotina de uma família nazista cujo pai comanda o campo de concentração de Auschwitz. Assim, não há um conflito urgente a ser resolvido, mas apenas a sensação de incômodo crescente. 

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Já na primeira cena, que dá o tom da obra, surge a vontade de levantar da cadeira. Melhor não entrar em detalhes para não estragar a experiência de ninguém, mas essa sensação de estranhamento se repete diversas vezes durante o filme. 

Por outro lado, acontece ali um momento de alívio, no qual alguém tenta fazer o mínimo, com um paliativo gesto de carinho. Só que ainda existe o risco de piorar a condição do oprimido. Mais uma vez, o desconforto. 

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O constrangimento só cresce e chega ao ápice quando nos identificamos com os personagens nazistas: o casal prioriza a família, busca a melhor qualidade de vida para os filhos e o militar cruel demonstra amor pelos animais. 

Mais embaraçoso ainda é concluir que o paradoxo entre o privilégio e a desgraça não existia apenas na Alemanha de Hitler. Na verdade, esta conjuntura faz parte da humanidade. Pensemos: quantas vezes já ignoramos os infortúnios dos próximos e continuamos deitados à beira da piscina?

*João Araújo é jornalista, dramaturgo, documentarista, ator e palhaço.




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