O censo de 2022, realizado extraordinariamente 12 anos após a sua última edição devido à pandemia, revelou um fato interessante a respeito do crescimento das cidades no Brasil: em termos percentuais, os municípios que mais cresceram não foram as capitais, mas sim cidades interioranas.
Senador Canedo-GO lidera o ranking das cidades com mais de 100 mil habitantes que tiveram mais crescimento percentual desde o censo de 2010, com uma variação de 84%, seguida por Fazenda Rio Grande-PR, 82%, Luís Eduardo Magalhães-BA, 79%, Sinop-MT, 73%, e Parauapebas-PA, 73%. E, mesmo que as capitais e cidades-satélite mantenham posições de destaque em números totais de habitantes, a pesquisa aponta um maior interesse da população em se estabelecer fora das metrópoles.
Com esse movimento, novos centros econômicos vão se formando e se assentando no país, provando que as oportunidades não moram apenas nas grandes cidades. Para Tatiana Bonifácio, gerente de marketing e vendas da Gaudium, startup de tecnologia com soluções para a mobilidade e logística, cidades entre 50 e 500 mil habitantes têm muito a oferecer em termos de empreendedorismo e não devem ser subestimadas.
“Empreendedores que decidem lançar um negócio longe dos grandes eixos têm excelentes oportunidades para ter sucesso se souberem estudar e estabelecer estratégias para a região em que pretendem se estabelecer”, afirma a gerente, que comenta também dos muitos benefícios dessa decisão.
Otimização de custos fixos
Os custos relacionados ao aluguel e outras despesas, como água e luz, tendem a ser mais acessíveis em cidades do interior, resultando em economias mensais significativas. Comparativamente às grandes metrópoles, onde a demanda impulsiona os preços para cima, manter um negócio no interior implica em despesas mais controladas. A faixa salarial dos funcionários também segue essa tendência, ficando abaixo dos valores praticados nas capitais, levando em consideração o custo de vida local.
Menos concorrência
Em muitos casos, em cidades do interior, pode não haver concorrentes diretos para determinados tipos de negócio. Ao contrário das grandes metrópoles, onde a competição é acirrada, empreendedores têm a oportunidade de se destacar e se tornar referência regional, oferecendo serviços mais especializados e de maior qualidade.
Mais proximidade com os clientes
Um benefício muitas vezes subestimado é a proximidade que o empreendedor estabelece com seus clientes em cidades menores. A familiaridade com os vizinhos e a criação de laços são mais comuns, gerando confiança e favorecendo a fidelização dos consumidores de forma orgânica ao longo do tempo.
Menos rotatividade de colaboradores
Da mesma forma que é mais fácil construir laços com a comunidade, a retenção de colaboradores também é facilitada, especialmente devido à menor concorrência no mercado de trabalho local. Quando empreendedores e funcionários mantêm relacionamentos positivos, a rotatividade de pessoal tende a ser baixa.
Melhor qualidade de vida
Por último, mas não menos importante, investir em cidades do interior proporciona uma qualidade de vida inigualável a longo prazo. Com trânsito reduzido, menor poluição e índices mais baixos de criminalidade, a vida no interior oferece tranquilidade e segurança, elementos muitas vezes ausentes nas agitadas metrópoles.