Uma nova espécie de planta foi descoberta nas paisagens da Cadeia do Espinhaço, no município de Serro, na região central de Minas. A Stachytarpheta meninii P.H.Cardoso foi descrita em uma publicação do periódico científico “Nordic Journal Of Botany” e já vem sendo objeto de admiração e preocupação por ser considerada criticamente ameaçada de extinção.
Com apenas dois registros de coleta conhecidos até o momento, a espécie foi encontrada perto da área protegida do Monumento Natural Estadual Várzea do Lajeado e Serra do Raio. A descoberta ocorreu durante uma expedição do Plano de Ação Territorial (PAT) Espinhaço Mineiro para conservação de espécies ameaçadas de extinção.
O trabalho de identificação da nova espécie foi conduzido por uma equipe de pesquisadores liderados por Pedro Henrique Cardoso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em colaboração com Diego Rafael Gonzaga, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Marcelo Trovó, também da UFRJ.
Características
De acordo com os pesquisadores, a Stachytarpheta meninii revela-se uma planta aromática, com folhas e inflorescências pegajosas, brácteas (folhas modificadas) tão longas quanto o cálice, e corola azul com um tubo curto.
A pesquisa destaca que, apesar de seu habitat estar formalmente protegido, a Stachytarpheta meninii já sofre as consequências da interferência humana, especialmente devido à presença de gado. Em uma única população conhecida, os pesquisadores encontraram galhos de indivíduos adultos quebrados e caídos no chão, enquanto alguns indivíduos jovens estavam pisoteados. Essa constatação adiciona uma urgência adicional à necessidade de conservação.
História
A história por trás da descoberta da Stachytarpheta meninii é tão intrigante quanto a própria planta. O pesquisador Pedro Henrique Cardoso conta que reconheceu a planta como uma espécie nova ao analisar um espécime depositado no herbário RB, com duplicata no CESJ.
“A expedição foi essencial para encontrar a população da S. meninii, coletar novos espécimes e obter informações valiosas sobre seu habitat e ameaças incidentes”, disse Pedro Cardoso.
O nome da nova espécie homenageia o professor Luiz Menini Neto, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coorientador de Pedro Henrique Cardoso desde a graduação. A escolha do epíteto reflete o respeito e apreço pelo professor, reconhecendo sua influência na jornada acadêmica de pesquisador e seu impacto duradouro na botânica brasileira.
Gabriela Brito, coordenadora do PAT Espinhaço Mineiro e analista do Instituto Estadual de Florestas (IEF), destaca que a descoberta da S. meninii ressalta a importância contínua da pesquisa científica na conservação da biodiversidade, enquanto também sublinha os desafios enfrentados pelas espécies raras e micro endêmicas. “Agora é preciso traçar as estratégias de conservação e manejo para a nova espécie e seu habitat”, pontua.
(Fonte: Agência Minas)