
Do fogão de lenha o cheiro é de tempero antigo, caldeirões se juntam numa profusão de preparos: polenta, angu, rabada, carne de sol, feijoada, farofas, milho, ovo e torresmo. Ao fundo, ouve-se um tambor e o farfalhar das folhas de café que decoram o ambiente. Na cozinha, alguém reza ave-marias enquanto relembra festas de uma outra geração. Assim começa a Festa de Preto Velho, evento famoso no início do século passado, quase esquecido entre as telas de hoje.
Na casa simples, mulheres, homens, jovens e adultos dividem tarefas e aprendem uma das mais bonitas e esquecidas festas da cultura e religião de raiz africana, misto de história apenas oralmente, em cantos, rezas e comidas.
É o que acontece no próximo dia 28 de maio. Preservando uma das mais ricas manifestações históricas, culturais e religiosas da tradição brasileira – sincrética desde o seu nascimento – o Centro Xangô Rei realiza, neste domingo, a Festa de Preto Velho, com coroação e cortejo.
A celebração, remonta aos tempos da abolição da escravatura e se festeja em maio por conta da Lei Áurea, assinada em 1888.
Sempre prezando pela caridade, fé e ajuda ao próximo, a festa se dá a partir de um evento religioso, seguido de um almoço com comidas da tradição afro-brasileira: feijoada, torresmo, polenta, angu, entre outros preparos típicos do interior.
De acordo com pai Elias de Xangô, zelador de santo responsável pelo Centro Xangô Rei, a Festa de Preto Velho é tradição na Casa e este ano vai coroar duas pretas. “A explicação é complexa, até porque, para a Umbanda, religião afro-brasileira que no quimbundo significa arte de curar, não há entidade que melhore sintetize os princípios e os valores da conciliação, da orientação e do amor que os ‘vôs’ e ‘vós’ do terreiro. A coroação é reconhecimento da nossa fé”, completa ele.
Serviço
Festa do Preto Velho
Dia 28 de maio, às 12h
Centro Xangô Rei
Rua Benedito Araújo, 589
São João da Boa Vista-SP
(19) 3631-1787
aberto à comunidade