Uma parceria entre a prefeitura e a Universidade Federal de Alfenas (Unifal), campus Poços, finalmente está prestes a ser colocada em prática. As obras do Observatório Astronômico, no alto da serra São Domingos, estão adiantadas e, segundo Cássius Anderson Miquele de Melo, físico e professor do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifal, a perspectiva é que a inauguração seja ainda este ano.
“Já enviei um plano de trabalho que está sendo analisado pelo jurídico da prefeitura. Também já conversei com a reitoria da Unifal e estou atualizando todos os registros internos da universidade. Minha expectativa é conseguirmos inaugurar antes do final do ano”, reitera Melo.
O professor se diz muito satisfeito com o andamento do projeto. “Quase não consigo acreditar, depois de 15 anos finalmente o prédio sendo reformado e a proposta sendo encaminhada para análise jurídica. Na visita desta última semana, inclusive, discutimos as modificações que serão necessárias para dar o mínimo de acessibilidade. É um pouco complicado porque a construção original não teve absolutamente nenhuma preocupação com isso, mas acho que encontramos alternativas razoáveis”, pontua ele.
A parceria com a abrange o desenvolvimento de atividades científicas e pedagógicas, além de incrementar o turismo.
Reforma
Em texto da prefeitura de setembro do ano passado, foi divulgado que o Observatório receberia melhorias, como nova pintura, interna e externamente, troca de pisos, azulejos, janelas e portas. Os alambrados e portões de acesso também seriam substituídos. Além disso, a cúpula também está sendo revitalizada.
Unifal
O físico e professor da Unifal tem buscado, junto com colegas especialistas, a utilização do observatório desde 2009, época em que chegou a Poços para atuar na universidade. Ele conta resumidamente a batalha que trava desde então.
“Em janeiro 2009, quando me mudei para Poços de Caldas para ajudar a fundar o novo campus da Unifal, fiquei sabendo da existência de um observatório astronômico que estava desativado, que pertencia à prefeitura. Ao longo desses anos, encontrei-me com prefeitos e secretários, houve elaboração de projetos e planos, mas não foi possível colocá-los em prática. Conheci um grupo de astrônomos amadores da cidade chamado Ômega Centauro e através dele encontrei um dos proponentes originais da construção do observatório, Marco Antônio Gobatto. Com ele conheci a história da proposta de construir o observatório que seria inaugurado com a observação do cometa Halley em 1986 e que o projeto tinha tido apoio da Alcoa para a construção do prédio. Porém, também não houve continuidade. Submeti alguns projetos meus em editais específicos para divulgação científica, eles foram aprovados pelas agências de fomento e os equipamentos foram comprados. Ainda assim, esbarrava-se sempre na falta de recursos públicos municipais e a reforma do observatório foi sendo adiada. Como precisávamos implementar também as bolsas para os alunos, nos juntamos ao grupo Ômega Centauro e começamos a realizar uma série de atividades de observação do céu em escolas, casas de amparo a idosos e até na Autarquia de Ensino de Passos. Para não deixar os equipamentos parados, organizamos por vários anos um evento chamado Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Shopping Poços de Caldas, onde os principais equipamentos eram montados e os visitantes podiam ter uma experiência de como seria o observatório em pleno funcionamento. Passaram-se os anos, outras reuniões foram feitas, houve, inclusive, uma emenda de um deputado local, já em 2014, mas os projetos e plantas foram sendo reduzidos e novamente tudo adiado. Temos na Unifal cerca de 700 mil em equipamentos que são utilizados apenas quando possível.
“Agora isso tudo poderá ser colocado em prática, com muitos benefícios para a cidade. As escolas poderão ter um novo espaço de aprendizagem dinâmico, lúdico e em conformidade com modernas tendências mundiais. Os professores de ensino fundamental e médio vão ter um novo local para realizar práticas experimentais e também fazer cursos de capacitação. A cidade está revitalizando um dos seus maiores pontos turísticos, contando também com novas atrações. A economia poderá ser beneficiada com o aporte do chamado ‘turismo educacional’. E ainda a universidade ganhará novos espaços para colocar em prática o que os alunos aprendem nos cursos de graduação e para o desenvolvimento de pesquisas ligadas, principalmente, ao ensino”, finaliza o físico.