O Governo de Minas Gerais anunciou, nesta terça-feira (11), que selecionou Poços de Caldas para receber verba de R$ 63 mil, com o objetivo de isolar em hotéis pessoas com covid-19 que morem em áreas de aglomeração. Outras 16 cidades também podem receber o repasse, caso haja adesão. O valor disponibilizado, ao todo, é de quase $ 3 milhões.
O projeto, que faz parte das ações de enfrentamento da covid-19, foi criado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), em parceria com Ministério Público Estadual. A iniciativa prevê que casos suspeitos e/ou confirmados para covid-19 na população residente em aglomerados sejam isolados nas redes hoteleiras mineiras.
“O vírus da covid-19 é de alta transmissibilidade, principalmente no ambiente domiciliar. Os aglomerados sociais são considerados fatores limitantes para o isolamento pela alta densidade demográfica e pelo grande número de pessoas que moram no mesmo espaço. Promover formas de isolamento para as populações vulneráveis é uma importante medida de Saúde pública para controlar a disseminação da doença”, afirma a infectologista da SES-MG e uma das responsáveis pelo projeto, Tânia Marcial.
Com a ação estratégica, explica Tânia, a intenção é reduzir a transmissão do vírus em ambientes de vulnerabilidade social, a necessidade de leitos para internação, incluindo os de terapia intensiva, e os óbitos relacionados à doença.
Recursos
O repasse aos municípios que aderirem ao projeto será feito em parcela única, do Fundo Estadual de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde, em conta específica destinada exclusivamente para este fim.
As cidades foram selecionadas respeitando os seguintes critérios: população maior ou igual a 150 mil habitantes; taxa de incidência de casos maior ou igual a 50% da média estadual; possuir sistemas de notificação oficiais (Sivep Gripe e Esus-Ve) atualizados; possuir aglomerados subnormais mapeados e taxa de incidência calculada para estas áreas; ter definidos os estabelecimentos e protocolos de funcionamento.
Hotéis
Os hotéis foram os espaços escolhidos para esse isolamento por já possuírem infraestrutura adequada e serem unidades com facilidade de aplicação de protocolos sanitários, segundo Tânia Marcial. Serão adotadas medidas para implantação de cortes de isolamentos (andares ou alas com positivos, negativos e suspeitos). O protocolo recomenda que o uso de ar-condicionado e ventiladores seja evitado. Também não é recomendável receber visitas durante a hospedagem, exceto em casos de profissionais de Saúde, que devem usar máscara cirúrgica.
Cada pessoa em isolamento vai receber um kit de higiene composto por escova e pasta de dente, pano e álcool para limpeza de superfície, máscara cirúrgica (3 máscaras por dia), lenço descartável e recipiente com álcool em gel.
Hóspedes
O público alvo para a hospedagem são pessoas com sintomas leves, com suspeita ou confirmação da infecção pelo coronavírus, residentes de aglomerados, sem possibilidade de isolamento adequado em suas residências. “Os casos suspeitos serão avaliados pela equipe da Atenção Primária, sendo o encaminhamento realizado somente após essa análise, notificação no sistema ESUS-VE e coleta de exame”, afirma a infectologista.
Os casos sintomáticos, suspeitos ou confirmados serão isolados pelo período mínimo de dez dias após o início dos sintomas, estando até 72 horas assintomáticos. Contatos assintomáticos com exame de PCR positivo ficarão isolados por dez dias e com exame sorológico positivo por sete dias.
Como os hotéis não são unidades de saúde, não será permitido o isolamento de pessoas de grupo de risco, como maiores de 60 anos, gestantes, portadores de comorbidades e menores de 18 anos.