O deslocamento das pessoas para a área central para trabalhar ou em busca de serviços não oferecidos nas regiões onde elas moram, pode estar diretamente ligado aos casos de contaminação por coronavírus. A explicação faz parte da sétima fase de pesquisas sobre o mapeamento da covid-19, desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Planejamento Territorial e Ambiental do IFSULDEMINAS (GEPLAN).
A sétima fase foi divulgada na última sexta-feira (17) e pesquisou as relações socioeconômicas da população com o avanço da covid-19 em Poços. Os dados levantados pelos pesquisadores possibilitaram traçar um perfil da distribuição da pandemia no município e contou com dados do último censo do IBGE realizado em 2010.
Segundo os dados, os casos acompanham a densidade populacional de Poços, uma vez que a proporção de contaminados por região acompanha o contingente de população moradora. Nesse sentido, a análise dos dados mostra que as regiões Sul e Leste da cidade são as mais afetadas pela pandemia.
“Umas das principais explicações para isso é que parte considerável dessas populações se deslocam para a região central para trabalhar ou para buscar serviços não oferecidos em suas regiões. Dessa maneira, a distribuição dos casos acompanha a distribuição da população, uma vez que o contágio aconteceria por meio do constante encontro na região central da cidade”, explica o professor Sérgio Teixeira, coordenador da pesquisa.
Sendo assim, as medidas de prevenção e controle sanitário devem ser rigorosos nos estabelecimentos comerciais e de serviços do centro da cidade e também nos meios de transporte utilizados pela população para se deslocar dos bairros até o centro. O professor destaca ainda que as regiões mais afetadas, a Sul e a Leste, são as que apresentam as menores rendas, as menores taxas de alfabetização, as maiores densidades habitacionais, as maiores concentrações de população negra, e uma grande quantidade de mulheres responsáveis por domicílio.
“Esses fatores devem ser levados em conta para o entendimento dos mecanismos e da repercussão da contaminação das pessoas pela covid-19. Aspectos como acesso à saúde e a exposição diferenciada à contaminação, seja pela necessidade de locomoção ou pela densidade habitacional dos domicílios podem tornar a população dessas regiões mais vulneráveis”, esclarece.
Sobre as consequências do isolamento social serem diferenciadas para essas populações, o coordenador afirma que podem estar relacionadas ao crescimento populacional resultante do processo de expansão da cidade. “Sendo regiões menos assistidas pelo poder público, observamos altas densidades de pessoas morando na mesma residência, sendo assim regiões mais suscetíveis a contaminação do novo coronavírus, dada a proximidade relativa entre os indivíduos”, mencionou.