Na tarde de segunda-feira (22), os vereadores da Câmara de Poços de Caldas reuniram-se com o diretor do Hospital Santa Lúcia. Assad Aun Netto. Na ocasião, foram debatidos assuntos referentes à covid-19 no município.
Dr. Aun discorreu sobre a situação da pandemia não só em Poços, mas em todo Brasil, apontando os últimos acontecimentos e o aumento do número de casos. Falou ainda sobre a necessidade de se oferecer UTIs mais seguras para o atendimento de pacientes com covid-19, destacando casos de grandes hospitais do país que sofreram no início da pandemia devido ao desconhecimento da doença e também pela falta de estratégia no combate ao novo coronavírus.
Ao falar especificamente do hospital que dirige, dr. Aun explicou que hoje o Santa Lúcia pode ser dividido em dois hospitais independentes: o hospital 1, já tradicional no atendimento de doenças e cirurgias do coração e AVC, e o hospital 2, montado e estruturado para atender exclusivamente aos casos de covid-19, com 20 novos leitos de UTI, preparados de acordo com orientações do Ministério da Saúde, com alto isolamento, manejo e higienização, seguindo protocolos rígidos de segurança, tanto para os pacientes, quanto para os profissionais que atuam no hospital.
“Nós trouxemos essa inovação e tomamos corajosamente a medida de seguir uma portaria federal [que dispõe sobre a instalação de unidades de atendimento de covid-19] e preparamos 20 leitos específicos para UTI,” disse.
Segundo o diretor, a progressão de casos de covid- 19 é preocupante, inclusive, com contaminação de profissionais de saúde, conforme foi divulgado recentemente no município. Ele destacou a necessidade dos leitos para atendimento de pacientes positivos para a doença serem totalmente separados e isolados dos leitos oferecidos para demais pacientes.
“O Ministério da Saúde já lançou essa portaria dizendo que as unidades preconizadas para serem instaladas UTIs [para covid-19] têm de ser de alto isolamento, diferenciadas do que já existia em uma UTI tradicional e separadas de um hospital que tem maternidade ou tem oncologia. Porque, se houver contaminação desses pacientes, o que é que vai acontecer? Se nós já temos experiência do hospital Sírio Libanês que fechou uma quantidade enorme de leitos e o hospital Albert Einstein, eles ficaram apavorados lá no início. E está acontecendo em Poços de Caldas, ou seja, de seis, sete dias pra cá, estamos começando a ter o covid invadindo e, logicamente, os hospitais precisam estar mais preparados. O covid nem sequer está no pico”, alertou.
Diante desta situação, dr. Aun apontou que, caso se confirme o pico da doença, o Hospital Santa Lúcia terá que estar preparado com mais leitos específicos com alto índice de segurança, assim como os 20 já instalados no que ele chama de Hospital 2. Segundo o diretor, para a estruturação dessa Unidade de Covid-19 foram investidos cerca de R$ 5 milhões. Para aumentar em dez ou 20 leitos, será necessário estabelecer uma estratégia, junto à Câmara dos Vereadores, para conseguir recursos, já que o Hospital Santa Lúcia, por não ser considerado um hospital filantrópico, esbarra em questões legais e burocráticas para o repasse de verbas.
“Nesses dias, com os últimos acontecimentos, eu me movimentei em todos os sentidos, liguei para o Ministério da Saúde, falei com a Associação de Hospitais que me passou que os hospitais privados que estavam dando assistência estavam tendo dificuldades de ter repasses através das leis antigas. Mas, para esses dez leitos a mais eu preciso sim de suporte, de custeio. Se existem possibilidades legais, eu peço [a todos os vereadores] uma atenção para essas possibilidades, para que elas possam seguir adiante. Se existe possibilidade legal baseado na excepcionalidade, isso é legal, e se é legal, pode ser adotado e isso é uma saída,” afirmou dr. Aun.