A empresária Susana Leitão Louzada, de 31 anos, é uma das mais de 400 pessoas listadas com suspeita de covid-19 em Poços de Caldas. Ela conversou com a reportagem do Poços Já para contar como tudo começou e como tem lidado com a incerteza do diagnóstico, já que ela não foi testada.
Os primeiros sintomas surgiram no dia 2 de abril, quando Susana acordou com dores no corpo e tosse. No fim da tarde as dores pioraram e chegou a febre. “Tomei paracetamol, mas não baixou a febre e comecei a ter outros sintomas, diarreia, dores no abdômen, costas e peito, e uma dor de cabeça muito forte. Eu não conseguia comer, só conseguia ingerir líquidos”, conta.
No dia seguinte Susana acordou mal e ligou para o Corpo de Bombeiros, depois de não conseguir contatos com os números de emergência. Ela relatou estar com 39 graus de febre, além dos outros sintomas. A orientação foi o isolamento e a medicação com dipirona. Para ir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), somente se houvesse falta de ar. “Fiz o que me disseram, mas no dia 5 eu continuava do mesmo jeito e decidi ir por conta própria para a UPA”.
Ela relata ter aguardado cerca de 30 minutos até ser chamada pelo médico, que ouviu seu relato. “Não me tocou, nem temperatura tirou”, descreve.
Susana saiu de lá com uma receita para tomar dipirona e Buscopan, além de fazer inalação com soro fisiológico. Mais uma vez, ela afirma que não houve melhora no quadro. A febre piorou, chegando a 39,9 graus, e a urina ficou vermelha, por conta da dipirona. Mais uma vez, houve a necessidade do atendimento na UPA. “Dessa vez não demorou nem um minuto pra eu ser atendida, a equipe foi muito prestativa. O médico mediu minha pressão, temperatura e glicose, além de ter escutado o pulmão. Ainda me perguntou sobre o meu histórico de contato”, explica.
Susana teve contato apenas com a mãe e um tio, que moram em Portugal, no Carnaval. Ela contou que quando estiveram na cidade pegaram uma gripe forte, mas que foram embora e se recuperaram normalmente.
Nova medicação
Com o relato e os exames, o médico trocou a medicação da paciente e a orientou a esterilizar todos os objetos, desde os talheres ao vaso sanitário, a cada uso, além de utilizar máscara constantemente, para evitar que seu filho de 2 anos e o marido, que moram com ela, fossem contaminados.
Com as receitas em mãos, a paciente procurou os medicamentos oseltamivir e prednisolona, que custaram R$ 49 ao todo. A surpresa veio com o remédio indicado para o intestino, Florastor, em falta na maioria das farmácias. Quando encontrou, custava R$ 258.
Sem condições financeiras para adquirir o remédio, a família de Susana se uniu e conseguiu através da Secretaria Municipal de Saúde. Ela recebeu a medicação na segunda-feira (13), pela farmácia central, na Policlínica.
“Com essas novas medicações deu uma melhora no quadro, durante a noite ainda tenho crises fortes de tosse, ainda me sinto fraca, dói peito, costas e abdômen, mas não com tanta intensidade como no início. E a febre passou, assim que comecei com os dois primeiros remédios, o do intestino e tosse”, relata.
Medo
Susana conta que a incerteza do diagnóstico é cruel, já que não fez nenhum dos exames para constatação do covid-19. “O pior é saber que tenho um filho de dois anos e o meu marido no mesmo espaço, que podem ser contaminados por algo que eu nem sei o que é, na realidade. Ainda tenho medo de dormir e faltar ar”, acrescenta.
A paciente gostaria de ter um teste em mãos, o que traria mais tranquilidade, mesmo que não haja tratamento específico: “Desta forma é viver um pesadelo na incerteza do dia a dia”.
Ela pede que as autoridades se esforcem para fazer mais testes e trazer verdade à população. “O povo não está acreditando no que está acontecendo. Apesar de eu não saber se tenho ou não coronavírus, os sintomas estão aí e sou suspeita. Eu estava em casa há 14 dias em isolamento voluntário e mesmo assim fiquei desta forma. Todo o cuidado é pouco, temos que cuidar da população. Não somos apenas números”, enfatiza.
Acompanhamento
Susana entrou para a lista de casos suspeitos, mas conta que ao longo desses dias de quarentena não recebeu nenhum contato de profissionais da Saúde. “Até esta quarta-feira ninguém me ligou, apenas me trataram super bem nesta segunda vez que fui à UPA, inclusive me indicaram o que fazer e me desejaram melhoras, além de dizer para que eu retornar caso precisasse”.
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