O casal poços-caldenses Camila Negrini e Denis Martins, e as filhas Giulia e Alice, de 7 e 2 anos, respectivamente, estão há sete dias em quarentena por conta do coronavírus na Itália, segundo país com maior numero de casos registrados. A rotina da família, que mora em Turim, região de Piemonte, ao norte, mudou após a decretação de restrições na circulação de pessoas.
“Estamos em casa desde o dia 10, as únicas situações em que podemos circular é para trabalhar, emergência médica e abastecimento. As lojas, empresas e comércios foram fechados, não podem ser abertos. Apenas supermercados, farmácias e indústrias permanecem funcionando, mas com restrições”, explica Camila.
O maior medo do casal é em relação às filhas. “As pessoas falam que o vírus é mais grave para idosos, mas não deixamos de nos preocupar, afinal estamos sozinhos aqui, vai que se pega uma gripe dessa e por algum motivo temos que ir para o hospital. Vamos deixar elas com quem? Vamos as proteger como? É assustador ver o que está acontecendo, moro próxima a uma via com grande movimentação de carros e nesses dias são raros os que passam”, acrescenta a mãe.
Isolamento
A família pensou em voltar para Poços, mas os riscos da viagem impediram o retorno. Camila fica em casa o tempo todo com as meninas, enquanto o marido continua trabalhando com distribuição de produtos. Ele sai às ruas com toda a proteção possível e quando retorna primeiro afasta qualquer possibilidade de contaminação para depois estar próximo da família.
As aulas foram suspensas bem antes da quarentena decretada no país, ainda no Carnaval. Giulia recebe as lições por meio eletrônico, as executa em casa e encaminha para a correção. A partir da quinta série os alunos estão estudando online. “Elas ainda não entendem bem, pedem pra sair, mas explicamos que não podem e elas acabam entendendo. Essa semana as crianças participaram de uma campanha de esperança, cada criança confeccionou cartazes e compartilhou”, acrescenta a mãe. Giulia escolheu escrever a frase “andrà tutto bene”, que significa “vai ficar tudo bem”.
A medida de permanecer em casa foi estabelecida em decreto. Caso alguém seja visto circulando, sem portar autorização, pode ser preso e ser multado em mais de 200 euros (cerca de R$ 1 mil) e responderá a processo penal com pena de detenção de três meses.
Mesmo em caso de problemas de saúde há protocolos, em hipótese nenhuma os cidadãos devem ir diretamente para as unidades de saúde. O primeiro passo é ligar para o médico de família, informar o que está acontecendo e, caso seja necessária uma avaliação mais detalhada, uma equipe vai até a casa. Há ainda um número com ligação gratuita para informações.
Alimentação
Camila conta que a alimentação da família está tranquila. Mesmo com as prateleiras do supermercados mais vazias, não falta nenhum produto de necessidade básica. “Estamos seguindo a recomendação de ingerir coisas saudáveis. Lógico que num primeiro momento ficamos assustados, as pessoas correram para os supermercados e compraram grandes estoques, limparam as prateleiras, mas agora já está normalizado. Há filas nas portas, mas é uma maneira de contenção, é controlada a entrada de grupos de pessoas, já que as pessoas precisam ficar a no mínimo um metro de distância uma das outras”.