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Soldado fala dos desafios de ser mulher na PM

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O sorriso aberto e a simpatia não escondem a coragem e a determinação da mulher por trás da farda.  Mesmo em um universo predominantemente masculino, a soldado Camila Ferreira Campagnoli, de 31 anos, encara os desafios de ser policial militar com a certeza de que fez a melhor escolha e que nasceu para fazer o que faz.

Filha caçula de duas irmãs, Camila sempre viu no pai a admiração pela Polícia Militar. E foi dele o maior incentivo para que ela seguisse carreira.  Assim, desde pequena já dizia que quando crescesse ‘seria polícia’. Aos 18 anos prestou concurso para PM pela primeira vez e aos 24 o sonho começava a se tornar realidade.

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Camila iniciou suas atividades na 242ª Cia da PM, da Zona Sul. Lá atuou por dois anos no recobrimento, fazendo atendimento de ocorrências e apoio das viaturas do rádio patrulhamento. Mas foi no Tático Móvel que a soldado encontrou sua grande paixão. Responsável por realizar ações preventivas e repressivas contra aquilo que chamamos de criminalidade violenta, o grupamento nunca colocou medo em Camila, pelo contrário.

“O serviço no tático geralmente é feito nas madrugadas, é um serviço de abordagem a indivíduos suspeitos. A gente vai às ocorrências de roubo, de homicídio, faz o apoio das ocorrências de área. Eu era muito intensa no tático, nas correrias, nas perseguições, nas abordagens, eu gostava demais da adrenalina, acho que nasci pra ela”, conta.

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Camila era única policial feminina no Tático Móvel de Poços de Caldas (foto: Tatiana Espósito/Poços Já)

A adrenalina do Tático durou quatro anos. Aí veio a maternidade, “a melhor coisa que me aconteceu”, diz. Mãe da pequena Helena, de um ano e quatro meses, Camila, mesmo com o apoio do marido, precisou deixar a rotina intensa das abordagens noturnas para atuar em jornada tripla: a de mãe, dona de casa e policial. “Conciliar o trabalho à noite com a maternidade e o serviço de casa é muito difícil, eu ficava muito cansada, então pedi pra sair. Sem contar que a maternidade chama a gente pra outra realidade, quando eu estava nas abordagens eu sempre pensava: eu preciso voltar pra casa porque a Helena está lá,” argumenta.

Há pouco mais de quatro meses, Camila aceitou um novo desafio na polícia. Ao lado da também soldado Thelma Cássia de Lima, atua na Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, setor responsável pelo atendimento às vítimas pós ocorrência, ou, como é conhecido na polícia, o segundo atendimento. Com o objetivo de quebrar o ciclo da violência, a patrulha, de posse do registro, faz o contato com vítima, autor e testemunhas para entender qual a situação da família e realiza um  acompanhamento com visitas semanais, caso este seja o desejo da vítima.  Em Poços, são cerca de 100 registros/mês envolvendo violência doméstica. Um número considerado alto. Por isso, o atendimento realizado pela patrulha, que existe em Poços desde 2010, é essencial. “É um trabalho velado, mas muito gratificante.”

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soldados Thelma e Camila atuam juntas na Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (foto: Tatiana Espósito/Poços Já)

A mulher na PM

Na patrulha onde está hoje, a rotina pode até ser diferente da que tinha no Tático Móvel, sem os perigos da rua, mas Camila lida diariamente com histórias de mulheres em situação de vulnerabilidade. Ali, o fato de serem duas policiais femininas realizando o atendimento  faz com que as vítimas se sintam mais amparadas e tenham mais liberdade para manter a denúncia.

Quando operava no Tático Móvel, Camila era a única policial feminina e hoje, após sua saída, o grupamento está composto somente por policiais masculinos. Atuar em um trabalho mais ostensivo nunca foi motivo para se sentir intimidada. Ela explica que sempre contou com o respeito durante as abordagens e que o fato de ser mulher nunca foi problema nesse sentido.

Existe machismo? A soldado diz que sim, já que ele está em todo lugar, mas não se deixa abater. “Quando eu ouço algum comentário maldoso eu prefiro não me colocar no lugar de vítima, eu sou mulher e estou aqui no mesmo lugar em que a maioria é homem, passei pelo mesmo curso que eles passaram e tenho disposição para enfrentar qualquer  situação que eles enfrentam. Então eu prefiro não ser vítima do machismo, quando eu ouço qualquer coisa que diminui as mulheres eu prefiro me colocar na mesma altura que eles.”

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