Nilson Pereira de Souza é graduado em engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e reside em Poços desde 1976. Foi gerente das fábricas da Alcoa de Poços de Caldas e São Luís (MA), diretor do consórcio Alumare, diretor de operações da Alcoa América Latina em São Paulo (SP) e trabalhou como consultor antes de assumir o cargo de diretor superintendente da DME Participações, em janeiro deste ano.
Em entrevista ao Poços Já, Nilson comentou sobre a situação financeira da empresa e os projetos que devem ser realizados.
Poços Já: A própria administração passada confirmou que o DME perdeu alguns clientes em razão da alta tarifa de energia elétrica. Existe algum planejamento para que esses clientes sejam trazidos de volta?
Nilson: Sim. Eu estou numa fase em que ainda estou me inteirando de tudo por aqui. Esse é um assunto que está em pauta, a retomada de clientes que já foram do DME e hoje, devido à classe de consumidor que ele tem, podem contratar o serviço em outras empresas. Mas, nesse momento, está em curso um processo. Esses clientes já foram contatados, eles têm interesse em, efetivamente, ter uma tarifa de energia mais produtiva e eficiente para eles. E, evidentemente, nós hoje estamos em condições de oferecer esse tipo de oferta. Seria bastante oportuno para o DME essa retomada, com esses consumidores, e eu espero, possivelmente, dentro do primeiro semestre, retomar pelo menos os [clientes] mais relevantes e importantes em termos de volume de energia.
Poços Já: Algumas administrações passadas deixaram de aplicar a taxa de iluminação pública. Como será feito nesta gestão?
Nilson: O próprio título da taxa já dá o destino dela. Então, eu não tenho nenhuma pretensão de que isso seja diferente. É um valor, uma contribuição que foi feita por todos os consumidores com um foco específico. E iluminação não é só a lâmpada, mas todos os acessórios que compõem o processo. Acho que a gente não deve desviar o destino de aplicações que já estão claramente definidas. A prefeitura e o DME têm o maior interesse que a gente fique dentro do contexto que a lei atribui.
Poços Já: Muito tem se falado sobre a delicada situação financeira do DME e da Prefeitura. Existe a possibilidade disso acabar prejudicando o consumidor final com um aumento na tarifa de energia?
Nilson: Não. A tarifa tem regras. A gente não pode ficar fazendo um jogo de tarifas ao bel-prazer do DME. Existem regulamentos que precisam ser observados e estar dentro desse contexto. A situação do DME, eu não diria que é um caos, uma situação de não-solução. Existe um plano em curso no momento que é a retomada de clientes. Existem uma série de melhorias na eficiência operacional que também estão em curso. Esse é o primeiro momento em que vamos estar fazendo já todas essas atividades.
Poços Já: E quanto aos repasses para a prefeitura, continuam?
Nilson: Os repasses para a prefeitura, que é o acionista total do DME, vão continuar sendo aplicados conforme a lei determina. Nós não temos nenhuma expectativa de que isso seja diferente. A prefeitura conta, inclusive, com esses recursos, e isso é uma atribuição legítima de que o DME continue nesse contexto, fornecendo todos os dividendos, que são parte dos lucros que o DME vai aferindo ao longo do ano e repassa para a prefeitura. Isso vai continuar.
Agora, o DME é uma empresa de muitos anos, que já passou por outros reveses. A situação econômica hoje de qualquer distribuidora no Brasil não é muito diferente. Então, minha preocupação seria se todas as distribuidoras do país estivessem bombando, tendo altíssimos valores e resultados financeiros e só o DME tivesse dívidas. Não é essa a situação.
Todos os contatos que nós temos com os demais distribuidores do país passam hoje por ajustes. É sempre assim. Como se fosse economia doméstica: você recebe menos, mas a casa não para. Você precisa priorizar as atividades mais relevantes. É o que o DME está fazendo, priorizando as atividades mais relevantes e que vão nos trazer um novo patamar de resultado em breve.
Poços Já: A administração anterior tinha o projeto de criar uma empresa do setor de telecomunicações que fosse ligada ao DME, esse projeto deve continuar?
Nilson: Eu não tenho esse projeto aqui em mãos. Existem ainda uma série de outros projetos que precisam ser analisados. Analisando a grosso modo, a área de telecomunicações não é o objeto principal do DME. Então, o meu foco aqui dentro é o planejamento estratégico de energia de Poços de Caldas. O que for dentro desse contexto primário pode, deve e será realizado.
Outras iniciativas que serão assim acessórias, que não seria o objetivo fim do DME, tal como digo a telecomunicação, acho que todas as ideias e iniciativas que possam incorporar em alguma melhoria dos resultados do DME merecem a atenção. Vamos olhar com carinho e ver mas hoje, nesse momento, a prioridade número um é restabelecer o planejamento estratégico de energia em Poços.
Poços Já: Existe alguma iniciativa de longo prazo para ser desenvolvida aqui dentro?
Nilson: Eu vejo que uma das iniciativas de longo prazo é como nós vamos entregar o DME para uma geração no futuro. O DME foi aprovado para um projeto municipal em 1954, que foi a data de formalização do departamento, foi o ano em que eu nasci. No ano em que eu nasci, surgiu o DME e hoje estou aqui. O DME é essa unidade que nós temos hoje em Poços. É uma instalação importante, com unidade geradora, participando de grandes projetos de energia fora de Poços de Caldas e no Brasil. De uma forma geral, muito reconhecido.
O destino do DME é crescer para esta geração. Quero que a criança que está nascendo agora em 2017, chegando na fase adulta, o DME seja uma grande oportunidade de trabalho, emprego e uso na cidade. Afinal, acho que os consumidores de energia têm uma grande vantagem do DME existir.