Em janeiro deste ano Luzia Teixeira Martins assumiu a Secretaria de Promoção Social de Poços de Caldas. Em entrevista ao Poços Já, ela comentou sobre as principais dificuldades, o funcionamento do serviço de abordagem dos moradores de rua e as medidas que precisam ser tomadas para melhorá-lo.
Poços Já: O que você acredita que foram acertos da antiga secretária de Promoção Social e o que precisa mudar a partir de agora?
Luzia: A Promoção Social conta com alguns equipamentos, baseado nas políticas públicas. Então, o que posso dizer é que todos estes equipamentos estão aí, isso é um ponto bem positivo, não tenho que me preocupar em estar implantando estes equipamentos. Temos os CRAS, que são os centros de apoio, são um total de seis na zonas Sul, Oeste, Leste I e II, o que passa na Zona Rural e o do Centro. Temos as casas de passagem, o abrigo infantil, a casa lar e o centro Pop. Os equipamentos e instituições parceiras estão aí, o que eu preciso agora é “costurar” essa conversa, fazer uma atuação que dê conta da nossa demanda.
Poços Já: A secretaria já chegou a fazer o levantamento do número de moradores de rua na cidade? Algo será feito com relação a isso?
Luzia: Já está sendo feito. Nessa questão eu conto muito com a ajuda da população. A gente não tem como tirá-los da rua, essa questão higienista nós não fazemos. O que nós já estamos fazendo é uma abordagem onde entramos em contato com eles, entendendo a subjetividade de cada um, entendendo a potencialidade, para que ele faça o rompimento dessa situação dele de rua e promova para ele uma outra situação de vida.
Poços Já: Como funciona o serviço de abordagem? Para onde os moradores de rua vão?
Luzia: O responsável pela abordagem de rua lidera uma equipe que faz a abordagem sistematicamente, são psicólogos, assistentes sociais. São 24 horas por dia e [a equipe] remete a eles as opções que eles têm. Eles podem ir para o Centro POP, durante o dia, onde poderão tomar banho, lavar as roupas, guardar seus pertences, pensar em outra forma de vida. E temos também as casas de passagem e o abrigo que eles podem ser levados para lá. Estamos atuando, junto a esses lugares, para que eles redefinam algumas questões, aceitem as pessoas como eles chegam.
Temos também algumas pessoas que não são de Poços e, a partir dessa colhida, são encaminhadas para suas cidades de origem. Temos casos de pessoas que só passam por aqui e nós damos essa acolhida e eles seguem. Existem alguns com problemas relacionados a saúde mental, alguns com dependência química ou do álcool. Precisamos compreendê-los. A gente precisa, primeiro, se aproximar. Conquistar a confiança da pessoa, para depois apresentar outras oportunidades.
Poços Já: E quanto aos usuários de drogas?
Luzia: A abordagem é feita, mas a questão dos usuários de drogas vamos ter que fazer uma parceria com a [secretaria de] Saúde. Tanto o usuário quanto os que têm deficiência mental. Nós já estamos conversando com o secretário. Isso é algo que tem sido muito bom, os secretários têm um apoiado o outro.
Poços Já: Quais os projetos futuros para a secretaria?
Luzia: Estamos elaborando as mudanças, revendo em cada um desses lugares o que pode ser melhorado, seja nas condições físicas, ambientais, de pessoal. Depois vamos lançar uma campanha de não dar esmolas e sim mostrar os caminhos. Como o Centro POP, restaurante popular, as casas de passagem, os abrigos. Caminhos que podemos trabalhar melhor.
Vamos tentar nos aproximar das pessoas que são voluntariosas, que têm veículos religiosos e buscar uma forma mais eficiente de ajudá-los, que não é indo até o local onde eles estão, mas nas instituições que irão recebê-los. Nas ruas não é bom para eles, não é bom para a população e não é bom para Poços.