Desde janeiro deste ano, o empresário e turismólogo Ricardo Fonseca Oliveira assumiu a Secretaria de Turismo. Em entrevista ao Poços Já, o ex-presidente do Poços de Caldas Convention e Visitors Bureau comentou sobre as principais dificuldades da secretaria no momento, os planos para o futuro e as intenções da nova equipe formada por ele.
Ricardo falou ainda sobre as mudanças no Carnaval da cidade e a situação das escolas de samba, que correm o risco de não desfilarem por terem demorado a apresentar a prestação de contas do ano de 2016.
Poços Já: O que você credita como os acertos do antigo secretário de turismo e o que acredita que precisa mudar a partir de agora?
Ricardo: Acredito que a equipe em si fez um trabalho muito bacana nesses últimos anos. A gente costuma falar que em time que está ganhando não se mexe, por isso acredito que a gente tem que permanecer com essa base. Acho também que, por não ter uma pessoa técnica sentada na cadeira, que eu acredito que faz uma grande diferença, apesar do antigo secretário ter feito um trabalho muito bacana, a visão mais voltada para o turismo deveria ter sido mais contemplada e acredito que não se deu a oportunidade para que a equipe interna fizesse isso acontecer. Visto que nós temos duas turismólogas dentro da Secretaria de Turismo que estavam adormecidas, elas poderiam fazer muito mais do que estavam fazendo, era preciso ter dado ouvido a elas. Basicamente, algumas questões técnicas que eu acredito que deveriam ser mais abertas, por exemplo as licitações, dar oportunidades para vários artistas contemplarem o turismo de Poços. Enfim, muita coisa foi bacana, porém há coisas que deixaram a desejar.
Poços Já: Tem se ouvido falar muito da questão financeira da prefeitura, que não está das melhores. Como você vê essa questão financeira aqui na Secretaria de Turismo? Será possível fazer grandes investimentos?
Ricardo: Não está diferente. Sem dúvida alguma, nos próximos dias a população de Poços vai saber da real situação financeira da prefeitura e que não vai de encontro ao nosso propósito principal de poder fazer o nosso trabalho. Talvez realmente seja um ano muito difícil, mas a gente também tem que trabalhar com inteligência. Principalmente através de parcerias público-privadas. O empresariado de Poços, o Sindicato de Hotéis, Sindicato de Bares e Restaurantes e a Associação Comercial, tem que estar a todo momento junto conosco. Isso é fundamental se nós quisermos realmente galgar algo a mais para o turismo de Poços. Se eles não estiverem ao nosso lado, dificilmente a gente vai conseguir reverter esta situação num curto espaço de tempo.
Poços Já: Uma das ações já anunciadas pela Secretaria de Turismo é a criação de uma força-tarefa para fazer manutenções nos pontos turísticos. Existe algum projeto para fazer reformas e investimentos nestes locais?
Ricardo: Essa força-tarefa foi criada em parceria com as secretarias de Serviços Públicos e Obras e a gente vai fazer o máximo para deixar os pontos turísticos, no mínimo, visitáveis. Eu, pessoalmente, me deparei na Cascata das Antas com algo parecido. Desde o dia 20 [de dezembro] não era recolhido o lixo e o banheiro estava intransitável. São coisas básicas que, se você tiver ali uma manutenção diária, não acarretaria no que eu vi: muito lixo jogado, muito lixo espalhado, não tinha cestas de lixo e a que tinha tava furada. Enfim, essa força-tarefa é super importante para a gente reverter isso.
Quanto às obras mais incisivas dentro dos pontos turísticos, a gente já está correndo atrás, principalmente do banheiro da Fonte dos Amores, porque tem um projeto, uma verba destinada para lá. Porém, acho que teve uma falha muito grave no projeto: existia um banheiro, ele foi retirado pra fazer outro e acabou que hoje nós estamos sem nenhum banheiro. Isso é bem complicado, só que nós já estamos conversando com a Caixa Econômica Federal e a Secretaria de Obras sobre o assunto.
Poços Já: Algum projeto para a reconstrução da Casa de Chá do Recanto Japonês, destruída ano passado em um incêndio criminoso?
Ricardo: Nós tivemos essa fatalidade da perda da Casa de Chá e a gente vai correr muito atrás disso. Me parece que já tem uma conversa com uma empresa de São Paulo que afirma ter condições de refazer a Casa de Chá o mais próximo possível do que era o original. Estamos buscando essa empresa, queremos conversar também com a comunidade Nikkey, que eu acho que tem total compreensão de como lidar com o Recanto Japonês.
Poços Já: Existe algum planejamento para criação de parcerias público-privadas no município?
Ricardo: Eu acredito que já devia estar acontecendo as parceria público-provadas de alguns pontos turísticos, porque hoje o mundo inteiro vive disso. Essas parcerias servem para retirar um peso das costas do poder público e isso ser gerido de uma melhor forma. Acredito muito nisso, já chegaram alguns projetos muito interessantes para um ponto turístico e acredito que já já nós teremos novidades, vamos correr atrás de parcerias público-privadas sim.
Poços Já: E o projeto do Trem Turístico? Terá continuidade? Existe previsão para que fique pronto?
O Trem Turístico é muito importante no seu contexto geral. Porém, alguns dados técnicos [do projeto] estão sendo revistos, principalmente para dar uma maior certeza, não só para o prefeito mas para todas as secretarias envolvidas e para os caixas da prefeitura.
Parece que tem algumas informações que não condizem com o valor real, então vai ser criada uma comissão, justamente para avaliar tecnicamente quais que são as reais condições e verbas destinadas para esse projeto. Já tem uma verba de R$12 milhões, sendo R$10 milhões a porte da Codemig e R$2 milhões de contrapartida da prefeitura. Só que nós encontramos alguns gargalos, fazendo as contas básicas e não sabemos quando iremos levantar esses dados técnicos, é preciso fazer uma reavaliação de valores e, assim que tivermos a certeza, a gente vai dar sequência a esse projeto.
Poços Já: O pessoal tem questionado muito com relação ao Carnaval, como fica essa situação? Vai haver desfile? O carnaval está cancelado?
Ricardo: A real situação é que estamos com um contratempo em relação às escolas de samba porque a prestação de contas foi entregue somente agora. Então tem alguns detalhes jurídicos que estão sendo colocados lá na procuradoria da prefeitura e ainda não temos um resultado final, mas esperamos que tudo se resolva o quanto antes, porque essa situação acaba prejudicando também a continuidade de toda programação do Carnaval. A gente precisa ter uma certeza para organizar a nossa programação do Carnaval .
É fato que a base do Carnaval que foi feita no ano passado e nos anos anteriores será mantida. As festividades no Parque José Affonso Junqueira, na Praça dos Macacos, o Carnaval alternativo, o Carnaval para a criançada, a recepção no pórtico, a Charanga dos Artistas, então a base está mantida.Faço até um apelo para a gente falar que vai ter Carnaval em Poços, sim. O que está pendente é somente a situação das escolas de samba.
Poços Já: Qual era o prazo para que as escolas de samba entregassem a prestação de contas?
Ricardo: Março do ano passado. Isso já tinha sido reprovado pela administração anterior, só que, infelizmente, agora que estamos chegando próximo do Carnaval é que começaram a entregar a documentação. Infelizmente, num prazo bem além do que era permitido. Mas agora é com a procuradoria da prefeitura. A gente da Secretaria de Turismo somente apontou o que estava diferente do plano de trabalho e a questão jurídica é com a procuradoria.
Poços Já: Houve mudanças também na questão do desfile de blocos, não é? Quais foram?
Ricardo: Na realidade, nós apostamos em algo que vem acontecendo principalmente em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, que são os blocos caricatos, aqueles blocos de famílias e amigos que saem com a temática no Carnaval de rua. Então, a gente quer pedir para que Poços seja uma nova Poços em relação ao Carnaval, justamente pro conta destes blocos. Acreditamos muito nesse projeto e demos uma ênfase bem bacana nele. Vai ter uma premiação para os três primeiros colocados que se adequarem a toda questão do projeto, estamos torcendo para que seja algo muito importante para o nosso Carnaval.