Professor de Sociologia, Hudson Vilas Boas assumiu, em janeiro, a Secretaria de Cultura de Poços de Caldas. Em entrevista ao Poços Já, o secretário falou sobre os planos que tem para levar projetos culturais para os bairros e também das políticas adotadas na administração anterior que pretende manter, como a criação de editais para artistas locais.
Poços Já: O trabalho do João Alexandre Moura à frente da Secretaria de Cultura foi bastante elogiado. O que credita como acertos dele durante a gestão aqui?
Hudson: Realmente, acho que o trabalho que foi desenvolvido nos últimos anos aqui na cultura de Poços realmente conseguiu se destacar. Ele começa lá com a reativação do Conselho Municipal de Cultura, em 2012, e depois vai passando pela articulação dos artistas locais; dentro disso vem uma série de políticas públicas nacionais voltadas para a cultura. Então, tudo isso acabou fazendo com que a cultura daqui de Poços de Caldas tivesse cada vez um espaço maior. Nesse tempo também vem a criação da Secretaria de Cultura, que é apenas um dos aspectos desse processo. Todo esse trabalho se deve ao que já foi citado e ao Conselho Municipal de Políticas Culturais, que é um dos conselhos mais atuantes que nós temos na cidade e também a questão da equipe aqui da cultura que é valorosa, composta por servidores que realmente têm esse desejo de transformação da cultura e entendem o papel social dela.
Poços Já: Daqui para frente, o que pretende inovar na cultura local?
Hudson: O prefeito Sérgio Azevedo tem esse entendimento da importância e do aspecto social da cultura e valorização dos artistas locais. Dentro dessa perspectiva, é claro que a gente sabe de todos os pontos positivos que existem na cultura de Poços de Caldas, mas sabemos também de algumas coisas que a gente pode inovar. Vamos manter o Julho Fest, que é a grande festa que temos de artistas locais, mas estamos trabalhando também em uma nova formatação. Possivelmente, nós vamos incorporar ao Julho Fest um festival de música clássica e erudita. Além disso, outro projeto que nós temos é, aproveitando a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet e outras, tentar criar uma Virada Cultural em Poços de Caldas. Estamos trabalhando nisso e decidindo se os shows podem ocorrer em um só lugar ou em vários pontos da cidade. Outra coisa que queremos inovar seria a descentralização da cultura, levar projetos culturais para os bairros que ainda carecem disso.
Poços Já: A Secretaria de Cultura trabalha sozinha ou é preciso que ela se integre a outras secretarias?
Hudson: É muito importante que haja a integração das secretarias. A Secretaria de Cultura tem que trabalhar com as secretarias de Educação, Esporte, Promoção Social, Turismo. Cada secretaria tem seu papel, mas tem que haver uma integração maior entre elas.
Poços Já: O orçamento de verbas destinadas à cultura em 2017 está em previsto em mais de R$2 milhões, o que será feito com esse dinheiro?
Hudson: Quando vem o orçamento uma determinada secretaria, esse orçamento já coloca todos os gastos com os servidores, manutenção dos espaços públicos, gastos com material de consumo etc. Então, quando a gente vê aquele valor, sabe que não deixa de ser uma previsão que está muito atrelada ao que será de arrecadação que vamos ter de dinheiro em caixa. Dentro disso tudo, o que temos, de fato, para eventos é muito pouco perto do orçamento total da secretaria. Mesmo assim, nós não pretendemos cortar nenhum evento, muito pelo contrário, vamos mantê-los e, para isso vamos ter que buscar parcerias, como já foi feito em outras épocas.
Poços Já: Como fica a política de editais na sua gestão?
Hudson: Essa é uma das preocupações notada dos artistas locais, porque a política de editais foi um grande avanço. O assunto foi muito discutido dentro do Conselho Municipal de Cultura na gestão passada e eu queria informar que a política de editais continua da mesma forma, com a apresentação dos projetos, uma comissão que analisa estes projetos, continua tudo da mesma forma. Inclusive, em fevereiro devemos lançar alguns editais. Se houver alterações, estas serão para atender e beneficiar a classe artística de Poços.
Poços Já: Por último, o que acredita que possa se tornar a marca da sua gestão?
Hudson: Nós temos muitos desafios, um dos principais acredito que seja a conscientização do empresariado local da importância da cultura, dos eventos culturais e dos artistas para incentivar o turismo e ajudar na arrecadação de forma geral aqui da cidade. Talvez o grande desafio que eu tenha é uma integração maior entre o empresariado local e os artistas locais, essa pode ser uma marca. Os empresários já apoiam, se eu disser que não vou estar mentindo. Mas a gente sabe que muitos têm um potencial maior para poder contribuir. Além disso, como eu tinha citado antes, a descentralização da cultura, poder levar a cultura para os bairros. Acho que, superando esses desafios, a gente pode deixar uma marca positiva para a cultura de Poços.