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“A última gestão realizou uma contabilidade criativa”, aponta Celso Donato

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Celso Donato é o primeiro entrevistado da série com os secretários da gestão Sérgio Azevedo (foto: Bruno Rosa/Poços Já).

O administrador Celso Donato de Morais Filho é o braço direito do prefeito Sérgio Azevedo. Depois de coordenar a campanha vitoriosa em 2016 e comandar a equipe de transição, agora acumula a liderança de duas das mais estratégicas pastas da administração: Governo e Comunicação Social.

Na primeira entrevista da série com os novos secretários municipais, Donato informa que a gestão anterior fez uma “contabilidade criativa” e que muitas informações passadas para a Comissão de Transição não equivalem à realidade. Além disso, comenta que vai diminuir os gastos com publicidade e não confirma a possibilidade da Rádio Libertas perder concessão.

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Poços Já: Sabemos que o secretário de Governo é o braço direito do prefeito, mas muitos não sabem qual a função desta pasta.

Celso: A Secretaria de Governo é diretamente ligada ao gabinete do prefeito. A parte administrativa, burocrática do gabinete do prefeito, é toda por meio da Secretaria de Governo, porque o gabinete é mais a questão física mesmo. Todos os atos normativos, decretos, sanção de projetos de lei, depois que são aprovados na Câmara, portarias, enfim, todos os atos oficiais diretamente ligados ao gabinete do prefeito são emitidos pela Secretaria Municipal de Governo. É uma secretaria também com cunho político de muita importância. A partir do mês de fevereiro, com a volta das sessões ordinárias da Câmara Municipal, nós vamos ter aí pedidos de informação que serão aprovados pelo Plenário da Câmara e o presidente da Câmara estará enviando ao prefeito municipal para que sejam respondidos. A entrada de todos esses pedidos de informação acontece pela Secretaria de Governo, cabe a nós distribuir estes pedidos às áreas pertinentes da administração. Dentro disso, as respostas são reportadas à Secretaria de Governo que, em nome do prefeito, responde a estas informações. Muitas vezes você precisa saber quais são as necessidades dos vereadores, da Câmara, é importante a gente manter um diálogo permanente. Essa vai ser a marca do nosso trabalho.

Poços Já: Qual o diagnóstico que você faz das secretarias de Governo e Comunicação?

Celso: A Secretaria de Governo é uma secretaria de orçamento baixo. Lógico que ela tem os seus gastos, despesas internas do próprio gabinete do prefeito são todas da Secretaria de Governo, então é uma secretaria de um gasto enxuto. Tem pouquíssimos servidores, nossa equipe completa não passa de dez pessoas.

A Secretaria de Comunicação Social, o que a gente pode avaliar é que nós fizemos um levantamento dos  gastos de publicidade e comunicação nos últimos cinco anos. Hoje a situação financeira da prefeitura não permite ainda fazer nenhum planejamento de investimento com publicidade. Nós estamos numa grave crise e primeiro temos que preservar os serviços de atendimento. É prioridade a questão da saúde, da educação, da promoção social, da Secretaria de Serviços Públicos, que está fazendo um trabalho muito atuante desde o inicio do governo de cuidado para com a cidade. É interessante que a gente possa, de forma gradativa, estar investindo mais em comunicação do que em publicidade, porque a gente quer levar a mensagem para a população do que está acontecendo no dia a dia da cidade. Quando se fala em publicidade muitas vezes você quer trabalhar a imagem da cidade, a imagem do prefeito, e essa não é nossa intenção. Não adianta você fazer uma propaganda linda e maravilhosa em canais de televisão, falando que tudo está bem, e o cidadão quando vai no PSF tem fila, ele vai na UPA e fica por horas esperando, a rua da casa dele está suja, a escola que o filho dele está estudando não é de qualidade, a dificuldade que ele tem para conseguir uma vaga em creche. O que nós precisamos é mostrar que a prefeitura está presente, que o prefeito está buscando soluções.

Poços Já: É verdade que a prefeitura pode perder a concessão da Rádio Libertas, devido à falta de envio de documentos pela administração anterior?

Celso: Isso nós estamos apurando. Eu confesso que, se tratando de órgão publico, estamos tomando cuidado de fazer um levantamento, um histórico desde 2008 para cá de todos os acontecimentos. Então não tem nada de oficial, é tudo especulação. Pedi ao Paulo Ney, que é o coordenador de comunicação e imprensa, que fizesse o histórico da real situação da Rádio Libertas, da questão da ourtoga, da concessão.

Poços Já: Como vai ser o relacionamento dessa gestão com o DME?

Celso: A prefeitura passa por uma grave crise financeira, que já não é de hoje, vem se acumulando e chegou num ponto que a prefeitura só não entrou em colapso porque no ano passado houve um repasse de R$68 milhões do DME. Essa quantia em dinheiro para 2017 é incabível, é intangível, não tem a menor condição desse repasse acontecer. Evito falar em valores, mas cálculos preliminares indicam que a prefeitura não vai receber nem um quarto do que foi recebido no ano passado. Nós temos que escolher entre o DME continuar existindo ou não, e a decisão do prefeito é por uma reorganização e que a prefeitura receba o que foi determinado por lei.

Poços Já: As informações apuradas pela C0missão de Transição estão batendo com a realidade?

Celso: A Secretaria da Fazenda está fechando estes gastos. Na primeira sessão da Câmara o prefeito vai estar levando um diagnóstico de como ele recebeu a prefeitura, o relato minucioso com todas informações, mas ainda estamos apurando os dados. Como muitas informações da transição podem ser diferentes da realidade, todos os dados estão sendo checados. Alguns estão batendo, outros não. Nem é questão de mentira, mas os dados atualizados diferem do que foi nos passado. A questão financeira envolve empenhos, despesas não empenhadas, empenhos cancelados ou não cancelados. Quando você tem um empenho você contrata despesa, mas ela é liquidada a partir do momento em que você paga. Se você cancela o empenho, mas tem o serviço prestado, você herda duas tarefas. Se ela não foi empenhada, qual foi o maior agravante? Não foi contabilizada, e aí você empenha em 2017. Qual o segundo agravante? Não entra na contabilidade de 2016, entra na de 2017. Então, de certa maneira, uma contabilidade criativa foi realizada pela última gestão que, num momento oportuno, o prefeito Sérgio vai estar trazendo a todos da imprensa. Vamos levar à população de Poços o real retrato da forma como nós encontramos a prefeitura.



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