O vereador Antônio Carlos Pereira (DEM) está começando o sétimo mandato com uma função importante: é o novo presidente da Câmara Municipal de Poços de Caldas. Ele foi eleito no domingo (1º), quando também aconteceu a cerimônia de posse, por unanimidade. Em entrevista ao Poços Já, Pereira cita as prioridades da sua gestão, opina sobre os principais problemas da cidade e fala sobre a relação entre situação e oposição.
Poços Já: A que você deve essa votação por unanimidade?
Antônio Carlos: Primeiro foi uma emoção fortíssima, porque eu não lembro, nesse tempo todo como vereador, de ter visto um presidente ser eleito dessa forma, com unanimidade. Se teve, eu não me recordo. Para mim, é motivo de alegria, de imensa satisfação mas, acima de tudo, aumenta a responsabilidade. Já seria uma grande responsabilidade de qualquer forma ocupar um cargo como esse. Por unanimidade eu acho que reforça ainda mais a vontade, a obrigação nossa de fazer um trabalho à altura das tradições do Poder Legislativo de Poços de Caldas e da expectativa da nossa cidade também.
Poços Já: Como você avalia essa renovação da Câmara?
Antônio Carlos: Eu estou vendo com muito bons olhos, já tivemos várias reuniões aqui com os vereadores novatos e com dois vereadores que estão voltando. Um é o Álvaro Cagnani, muito experiente e que sempre foi muito atuante, e a Ciça, que é uma vereadora de garra, de destaque, que tive o prazer de trabalhar com ela. Os novatos estão todos muito animados, eu acho que essa renovação veio a calhar realmente. Somando à experiência de vereadores que estão aqui já algum tempo, que é o meu caso, do Paulo Eustáquio, Paulo Tadeu, Joaquim, com essa renovação. Eu acho que a Câmara vai produzir bastante. A gente tem notado nos vereadores, e nas vereadoras também, uma disposição muito grande para o trabalho. Isso nos deixa bem otimistas com relação ao desempenho nessa segunda Câmara.
Poços Já: A oposição é menor nessa legislatura. Como você acredita que será a relação entre situação e oposição?
Antônio Carlos: Essa relação entre situação e oposição já foi mais marcante no passado. Eu entendo que, se o prefeito, e eu espero que isso aconteça, se ele tiver com a Câmara um relacionamento de respeito, a oposição, por menor que seja, vai ter também o seu espaço. E é importante ter oposição. É importante que a oposição exista. Eu estava na oposição até o final do ano. Agora a minha postura é outra, de presidir um poder e ter o equilíbrio necessário para dirigir os trabalhos e dar aos vereadores todas as condições para trabalharem também. Eu acredito que a oposição, mesmo sendo em menor número, é qualificada. São vereadores qualificados que estarão aqui atuando na oposição. Eu espero que o Executivo, prefeito, vice e secretários, tenha respeito pela Câmara, porque o vereador aqui é o representante do povo, independente de ser situação ou oposição.
Poços Já: Você vai dar prosseguimento ao processo de implantação da TV Câmara?
Antônio Carlos: Eu pretendo conversar primeiro com os representantes da mesa (diretora), para tomar conhecimento de custos, de valor. Eu entendo que estamos em uma época de dificuldade financeira, de procurar cortar gastos, de diminuir despesas, então o meu lema é esse. Eu sou uma pessoa que trata o dinheiro público com muito respeito, com muito cuidado. Vamos ver com todo critério, com todo carinho, mas não é primordial.
Poços Já: Quais seriam as prioridades?
Antônio Carlos: A prioridade, na minha opinião, é fazer a Câmara continuar sendo transparente, aberta à população, ampliar a participação do povo aqui na Câmara, ampliar o debate das questões mais importantes do município, como foi por exemplo na questão daquela mensagem que o ex-prefeito, dr. Eloísio, que queria fazer a doação do horto para a construção do Fórum. Eu estive lá na última semana do ano e fiquei convicto de que a nossa decisão naquela ocasião, da audiência pública, foi correta. É impensável, um absurdo derrubar aquelas árvores, colocar maquina ali, fazer terraplenagem e construir um Fórum. Esse tipo de assunto eu acho que nós precisamos discutir aqui, chamar a população, as lideranças, presidentes de bairro, entidades representativas, a imprensa, para que a população tome conhecimento. Se o prefeito quiser, por exemplo, fazer uma obra que de repente não é tão necessária assim, eu acho que a Câmara tem a obrigação de discutir o assunto.
Poços Já: Também é importante manter uma gestão econômica.
Antônio Carlos: A Câmara de Poços, tradicionalmente, é uma Câmara enxuta, tem um assessor para cada vereador, um veículo só. Eu me lembro, em outras épocas, quando eu nem era vereador ainda, fazia-se muitas viagens para congressos, aquela coisa toda. Às vezes o vereador ia, levava até a esposa, e isso a gente já viu em outras cidades também. Na Câmara passada foram pouquíssimas viagens, porque o vereador tem que estar à disposição do povo. A Câmara vai oferecer agora um curso de oratória, de regimento interno, para que ele possa se inteirar, mas aqui dentro da cidade. A obrigação do vereador é trabalhar aqui. Não há gastos exagerados na Câmara, todo ano a Câmara devolve os recursos que são de competência do Legislativo para o Executivo. É uma Câmara que economiza e é isso que vamos continuar fazendo, cada vez mais. E mostrar para o povo que gasta aqui, gasta ali. Aqui não tem mordomia.
Poços Já: O prefeito disse, durante a campanha, que pretende reduzir o próprio salário. Qual a sua posição sobre isso?
Antônio Carlos: Isso é uma decisão dele, pessoal, como candidato, como prefeito. Ele, legalmente, não pode reduzir salário. Isso é competência do Poder Legislativo. Vem para a Câmara, que discute se aprova ou não. Eu fui, ao longo dos anos, sempre um vereador que pautou para cortar gastos. Se a Câmara tem 15 vereadores hoje, modéstia à parte, eu fiz um trabalho de bastidor muito forte, contando com o apoio de outros colegas da legislatura anterior à que acabou anteontem. A Câmara de Poços de Caldas poderia ter até 21 vereadores, de acordo com o número da população. Seria um absurdo, porque eu acho totalmente desnecessário. Teria que aumentar a Câmara, não caberia todo mundo aqui. Eu acho que 15 vereadores, para o tamanho de Poços de Caldas, está ideal. Então nós não fizemos, agora no final do ano, aquela fixação do salário para a legislatura que está começando. Isso quer dizer que não houve reajuste e a minha proposta é de não haver reajuste também em 2017, só voltar a discutir esse assunto em 2018. Acho que está de bom tamanho, o vereador em Poços de Caldas é bem remunerado. Acho que está suficiente. Eu não vejo necessidade de redução. Se fosse um salário astronômico tudo bem, mas eu respeito o ponto de vista dele. Agora, a competência é do Poder Legislativo. Se ele quiser doar parte do salário dele para alguma instituição, alguma coisa nesse sentido, eu acho que é válido.
Poços Já: Quais você acredita que serão os principais desafios do novo prefeito?
Antônio Carlos: Eu, modéstia à parte, não só como vereador mas também como colega de imprensa de vocês, tenho percepção clara dos problemas que nós temos. Nós temos na saúde, por exemplo, coisas que me cortam o coração diariamente, uma quantidade imensa de pessoas esperando por exames, como ressonância, tomografia, cirurgias de catarata, de ortopedia e outros tipos. Isso é um desafio e eu estou botando muita fé no novo secretário de saúde, que é o dr. Carlos Mosconi. Certamente ele vai ter que buscar verbas de outras esferas da administração pública, do estado, do governo federal, para poder dar suporte ao município. Os pontos turísticos estão completamente abandonados, foram renegados a um plano secundário em uma cidade turística. No final do ano a cidade estava superlotada. Eu fui no Véu das Noivas e fiquei envergonhado. Mato, abandono, por aí afora. Temos vários equipamentos esportivos também que estão precisando de reparos. Tem obra no Parque Municipal Antônio Molinari também, que começou e está parada, mato crescendo. O problema sério da João Pinheiro, precisa de uma revitalização nas margens. Na (avenida) Santo Antônio também. E a questão também da moradia popular, que foi uma promessa da atual administração, do ex-prefeito, que ficou lá no sonho do Morada do Sol, um local de difícil acesso, e infelizmente não foi construída uma casa sequer em quatro anos, e tendo o governo federal e o governo estadual do lado. Eu acho que esse é um desafio que o prefeito terá que encarar. E a questão também do crescimento da cidade, porque há uma grande quantidade de pessoas desempregadas. Nós precisamos incrementar cada vez mais o distrito industrial, continuar buscando, trazer mais empresas para dar emprego para as pessoas que estão na rua da amargura.
Poços Já: Qual você quer que seja a marca da sua gestão?
Antônio Carlos: A marca da humildade, do trabalho diário, constante, sério e honesto, procurando atender a todas as pessoas e mantendo com os demais vereadores o melhor relacionamento possível. Eu acho que esse bom relacionamento eu sempre tive, e isso ficou claro. Para mim foi uma conquista essa votação por unanimidade. Foi um presente de Deus para mim, me dá a certeza de que meu trabalho terá que ser muito mais eficaz. Então, a marca da humildade e do trabalho. Eu sempre fui um vereador que diariamente está aqui à disposição das pessoas.