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Ricardo da Zélia relata história de vida e comenta renovação na Câmara

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Ricardo da Zélia foi o terceiro candidato a vereador mais votado em 2016.
Ricardo da Zélia foi o terceiro candidato a vereador mais votado em 2016.

Vereador eleito, Ricardo Da Zélia (PSDB) foi o terceiro mais votado nas eleições de 2016. Mais de duas mil pessoas confiaram nesse nome. Conhecido pelo trabalho na comunidade católica, diz que vai prezar pelo “bem comum” e comenta a renovação na Câmara. Quanto ao nome escolhido para ir às urnas, lembra que é uma “justa homenagem” à esposa e conta a história surpreendente do casal.

Leia a segunda entrevista da série com os novos vereadores:

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Poços Já: Como surgiu seu interesse em se candidatar?

Ricardo: Começou mais ou menos há uns dois anos, quando o meu pai pediu que eu considerasse essa hipótese. Na ocasião eu não queria saber de política, mas como eu prometi para ele fui verificar. Eu sempre fui muito atuante na igreja católica e fui entender o que a igreja pensa a respeito da política. Ao contrário do que eu imaginava, o Papa Francisco tem convocado muito os católicos para que possam fazer a diferença. Ele disse: “A política é uma das formas mais elevadas de exercer a caridade e até então eu nunca tinha visto dessa forma. A política era então, como para a maioria dos brasileiros, sinônimo de corrupção, de algo sujo, no qual eu não queria estar envolvido. Diante de toda a crise política que o Brasil passou, eu passei a me questionar até que ponto reclamar vai mudar alguma coisa. Ou a gente arregaça as mangas e tenta ser a diferença que a gente espera, ou nada nunca vai mudar. Então esse contexto todo foi fazendo que eu entendesse que é necessário que a gente haja, que tente fazer essa diferença.

Poços Já: Quais os seus objetivos enquanto vereador?

Ricardo: Buscar o bem comum, é isso que tem norteado as minhas decisões. E, sem dúvida, olhar por cada pessoa, cada poços-caldense. A minha esposa é cadeirante, então uma das lutas que eu pretendo também defender é a luta pela acessibilidade, pela inclusão. Mas sem descuidar de fatores importantes, que são de necessidade comum de todo poços-caldense.

Poços Já: Por que esse nome “Ricardo da Zélia”?

Ricardo: Eu preferia ter colocado Ricardo Sabino, acho que soa mais profissional, com o profissionalismo que eu quero levar para a Câmara. Mas, conversando com pessoas que entendiam mais de política que eu, eles me disseram “Não, Ricardo. Como você é conhecido?”. Esse mês eu completo 16 anos de casado e toda vida nós trabalhamos na igreja por casais, família, juventude. Então eu sou conhecido como Ricardo da Zélia e ela como Zélia do Ricardo. Também é uma justa homenagem à minha esposa, porque ela tem um papel fundamental na vida do homem. Ela é uma cooperadora de toda missão que ele assume. Eu assumo agora uma missão tão importante, difícil, e tenho a minha esposa me dando suporte, estando ao meu lado.

Poços Já: Qual é a história de vocês?

Ricardo: Nós começamos a namorar escondidos, pra você ter uma ideia, porque a gente já imaginava que a nossa família não ia gostar muito da ideia. E de fato não gostaram mesmo, principalmente os meus pais, mas também os pais dela, não aceitaram aquele relacionamento. Foi uma sensação de remar contra a correnteza, ninguém acreditava que aquele amor podia dar certo. E foram cinco anos de muita luta, de namoro e noivado. Eu era muito jovem, tive que esperar que tivesse maturidade também na idade para que eu conquistasse minha autonomia financeira e pudesse pensar no casamento.

Para ele, "busca do bem comum" é prioridade.
Para ele, “busca do bem comum” é prioridade.

Poços Já: Provavelmente houve muito preconceito.

Ricardo: Na época que eu me casei, 20 anos. Dos 15 aos 20 eu namorei e não me arrependo de forma alguma, foi a melhor escolha que eu fiz na minha vida. Deus sempre esteve do nosso lado, as lutas que se fazem necessárias sempre foram vencidas com muito amor, alegria, bom humor. A minha esposa é uma pessoa extraordinária, que realmente tem uma garra, que me ensina a cada dia a lutar e querer uma vida melhor para todos. Ela tem esse desprendimento de não pensar em si. E ela gosta muito mais de política que eu, ela tem me incentivado muito na minha carreira. Na nossa história, ela é um exemplo de superação na fé. Ela é cadeirante, teve paralisia infantil aos 11 meses de idade, nunca andou. E ela é uma dona de casa. Um outro presente de Deus que nós recebemos foi a vida da nossa filha. Pelo diagnóstico médico, ela não poderia nem sonhar em engravidar. Ela tem um espaço abdominal muito curto e não caberia, segundo o médico, uma criança nem de seis meses. Ela tem uma platina que sustenta a coluna vertebral dela que poderia se deslocar e seria risco de vida inclusive para a mãe. Apesar de amarmos e sermos apaixonados por crianças, pensamos nossa vida sem criança. Quatro anos depois, a Zélia em uma missa faz uma oração e pede a Deus a graça de ser mãe. E ela consegue engravidar naquela semana, depois fazendo as contas a gente viu que foi naquela semana. Pela graça também de Deus, ela teve uma gravidez completa. Cercada de cuidados, mas uma gravidez completa, de 38 para 39 semanas, nossa filha veio cheia de saúde, cheia de vida, hoje ela tem 11 anos de idade.

Poços Já: Como é o seu trabalho na comunidade católica, na Paróquia São Paulo Apóstolo?

Ricardo: Dentro da Paróquia São Paulo Apóstolo eu sou ministro de música, eu toco na missa. A gente trabalha também na pastoral dos noivos, aí já é um trabalho que a gente faz juntos, voltado para a família também. Já fomos ministros da eucaristia, então a gente é bastante atuante na nossa paróquia. A nossa filha é coroinha, está se preparando agora para se tornar acólita, vivemos intensamente a nossa vida em comunidade. Mas, como eu comentei, não se limita à nossa paróquia. A gente tem um trabalho que acontece em toda a cidade, em toda a Dioceses, e do programa Essencial (exibido pela TV Poços).

Poços Já: Você foi muito bem votado

Ricardo: Dois mil e sessenta e quatro votos.

Poços Já: Esperava essa votação tão expressiva?

Ricardo: Foi uma grata surpresa. O Sérgio, nosso futuro prefeito, disse uma coisa que foi bacana ouvir naquele momento. Ele falou: “Você não vai fazer campanha em 45 dias, você fez campanha a tua vida inteira. Agora você vai colher os frutos”. Então, de fato, essa vida dedicada a trabalho social, voltado para a juventude, para a família, para casais, fez com que as pessoas conhecessem meu caráter, o que eu sigo, o que eu busco. O meu grande desafio é que as pessoas soubessem que eu era candidato.

Vereador eleito avalia renovação na Câmara como positiva.
Vereador eleito avalia renovação na Câmara como positiva.

Poços Já: Houve uma renovação na Câmara, como você avalia isso?

Ricardo: O Brasil passa por um momento em que as pessoas estão muito decepcionadas com a política. Isso a gente pode perceber por toda a abstenção nas urnas. Isso foi sentido por cada candidato. Era impressionante, as pessoas diziam que não iam votar em ninguém, até por forma de protesto. Então, o nosso trabalho, o meu trabalho, foi conscientizar as pessoas que não votar é deixar as coisas como estão. Eu tenho percebido um despertar, até pelas redes sociais, das pessoas percebendo que precisam se integrar, se inteirar um pouco mais da política. Como eu vou cobrar se não faço nada? Só reclamar não vai ajudar. A crise política no Brasil provocou, em alguns, o desejo de abandonar tudo, de jogar tudo pra cima. Mas em outras pessoas promoveu o desejo de realmente tentar fazer alguma coisa. Essa consciência aconteceu. Essa renovação é muito positiva, percebo que as pessoas estão mais criteriosas. Estou concluindo a minha graduação de gestão pública e vejo como isso foi determinante também para a minha eleição. Estou muito otimista com essa renovação, com esse pessoal novo, porque é sangue novo, ideias novas, e a gente tende a colher bons frutos de tudo isso.



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