Poços pode dar um passo importantíssimo para chegar em 2020 com um pensamento em sincronia, pelo menos, com os anos 1990. Com a realização da Eco-92 no Rio de Janeiro, muitas ações foram propostas para a diminuição da degradação ambiental na tentativa de garantir a existência das próximas gerações.
Podemos sonhar com uma Poços de Caldas sem a marca da exploração animal e do descaso com o meio ambiente.
Nossa cidade já teve vários títulos. “Cidade das Rosas” e “Cidade das Águas” são os mais conhecidos. São inúmeros os textos que a exaltam pelas suas belezas naturais, qualidade do ar, poder curativo das águas e tantos outros dotes que a destacam entre as cidades mais lindas da nossa região, quiçá do estado e país.
Hoje o que vemos por todos cantos, maculando seu dom natural, presente de Deus, é o descaso. A cidade sofre pela ausência de uma secretaria de meio ambiente, o que deveria ser obrigatório em todo município que tenha a extração mineral como atividade, na escala em que ocorreu e ainda ocorre em nosso município.
Ao longo destes anos a degradação salta aos olhos. Nosso descaso com animais, matas e rios vão desde a instalação de enfeites natalinos em árvores, destruindo centenas de ninhos, passando pelas queimadas constantes, a triste escravização animal pelas charretes, a tubulação de ribeirões, a poluição sonora e visual até o extremo de constatar que montanhas inteiras simplesmente desapareceram.
Ao longo das últimas décadas, perdemos fontes de água de inigualável importância. A qualidade do ar piorou. Novas construções e pavimentos impermeabilizaram o solo, provocando enchentes e inundações. E, para piorar o quadro, a “Cidade das Águas” não tem saneamento total do seu esgoto o que significa, na prática, que jogamos dejetos diretamente nos ribeirões que cortam o município.
Minha maior esperança é ver uma cidade pensando num legado menos desastroso para nossos futuros cidadãos. O fim definitivo da praga das charretes e veículos de tração animal que, além de arruinarem ainda mais o já caótico transito da cidade, forçam o povo a conviver com uma prática desnecessária de escravização animal. Aliás nosso trânsito poderia melhorar muito se investíssemos em transporte alternativo, viabilizando ciclovias que liguem bairros, regiões e bolsões de estacionamento ao centro.
Que possamos, nestes próximos anos, ver nossa fauna e flora sendo respeitada e colocada em posição prioritária. Nossos rios limpos. Nossa cidade despoluída e bem cuidada.
Quem sabe a volta do melhor título de todos: “Poços de Caldas, Cidade da Saúde e da Beleza”.
*Clayson Felizola é jornalista, terapeuta e ativista.