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Poços de Caldas

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Vinte anos em quatro

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Alvaro Danza Vilela é design de produtos e ativista.
Alvaro Danza Vilela é design de produtos e ativista.

Fiquei entusiasmado em escrever sobre o que eu quero para a minha cidade até 2020. São tantas possibilidades que os 3000 caracteres propostos para este texto acabam sendo um desafio.

A prioridade deveria ser sanear as contas públicas. Uma prefeitura administrada como uma grande empresa, dando lucro para poder investir mais e melhor. E, por exemplo, poder pagar decentemente os professores da rede municipal. Informatizar e interligar todos os setores pode ser uma ótima ferramenta para uma melhor gestão.

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Em 4 anos, gostaria de ver a Secretaria de Planejamento planejando, traçando metas para um crescimento sustentável, e ao menos deixando no papel, em forma de leis e projetos, quais os rumos para os próximos 10 ou 30 anos. Em 4 anos temos que ter um plano de mobilidade urbana adequando as vias já existentes para priorizar os pedestres, o transporte não motorizado e o coletivo. Em 4 anos poderemos ter nossos trilhos restaurados, servindo a uma locomotiva Maria-Fumaça, prevendo num futuro mais distante o compartilhamento com um metrô de superfície ligando o Centro ao aeroporto na Zona Sul, aproveitando o antigo ramal da Alcoa. Em 4 anos o aeroporto precisa receber linhas regulares. Em 4 anos é possível ter um plano de padronização de todas as calçadas, atendendo às leis de acessibilidade. Em 4 anos, todas as calçadas da área central podem estar adaptadas e acessíveis aos deficientes físicos. Em 4 anos poderíamos ter calçadões no centro da cidade. Em 4 anos podemos ter as ciclovias da João Pinheiro e da Zona Sul conectadas, além de muitos outros trechos sinalizados em vias importantes da cidade. Em 4 anos, dar início à verticalização dos estacionamentos particulares, retirando os carros das ruas centrais, abrindo espaço para a convivência das pessoas. Em 4 anos poderíamos ter outra concessionária de transporte público oferecendo mais horários e opções para a população. Um grande avanço na mobilidade urbana e na qualidade de vida.

Podemos ter um plano para a destinação de nossos resíduos sólidos. Podem os lucrar com a reciclagem! Podemos gerar energia do gás metano produzido naturalmente pelos compostos orgânicos no aterro sanitário. Em 4 anos, nossa coleta seletiva poderia ser ampliada para toda a cidade, e a separação de lixo orgânico e inorgânico poderia se tornar obrigatória pela população.

Em 4 anos Poços poderia captar 100% de seu esgoto e, quem sabe, tratar estes 100%. Em 4 anos poderíamos ter planejado, e provavelmente executado, algumas bacias de contenção para as águas que descem cada vez em maior quantidade ao centro da cidade. Em 4 anos poderíamos reflorestar nossas nascentes. Em 4 anos poderíamos vender todos os pinheiros e eucaliptos formados atrás do Cristo, e com o dinheiro regularizar o terreno minerado irresponsavelmente e reflorestar apenas com espécies nativas, revitalizando completamente o Parque Municipal da Serra de São Domingos. Em 4 anos podemos incentivar o uso das águas subterrâneas atualmente descartadas pelas sarjetas da cidade. Poderíamos ter um plano para o tratamento e consumo dessas águas, ou mesmo a devolução aos lençóis freáticos.

Numa “canetada”, ter uma lei rigorosa contra a poluição sonora de bares, carros de propaganda, “playboys” mal educados com seus aparelhos de som, motos barulhentas e vizinhos que acham que não têm vizinhos.

Em 4 anos, com planejamento, poderemos ter todos os nossos pontos turísticos, praças e ruas revitalizados e bem cuidados.

Mas tudo isso em apenas 4 anos? Sim! Elaborando bons projetos! Através de projetos é que a cidade pode pleitear recursos estaduais ou federais. Poços paga muito mais imposto do que recebe em investimentos. É justo que busquemos este retorno nos próximos 4 anos e daí por diante.

Eu acredito numa Poços de Caldas de primeiro mundo. E você?

 

*Alvaro Danza Vilela é nascido no Rio de Janeiro, mas poços-caldense há 31 anos. Formado em design de produtos pela Fundação Armando Álvares Penteado, filho de mãe arquiteta e pai engenheiro e ativista nas horas vagas, com os grupos Poços na Linha e Pedala Poços, que lutam pela a restauração do patrimônio ferroviário e por mais espaços para os ciclistas da cidade.

 



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