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Poços de Caldas

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Representante do coletivo

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Flávio Faria está no segundo mandato como vereador.
Flávio Faria está no segundo mandato como vereador.

O professor e vereador Flávio Faria (PT) cresceu na militância. Ainda adolescente participou da fundação da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) e seguiu lutando pelos direitos dos estudantes nas universidades. Porém, não assume nenhum mérito. Refere-se a si mesmo, muitas vezes, na terceira pessoa do plural.

Quanto a assuntos polêmicos, Flávio é resistente. Para não tomar partido, ele demonstra as opiniões de forma sutil. Sobre o futuro político, ele admite que gostaria de ser prefeito de Poços de Caldas. E fala do Partido dos Trabalhadores com uma grande admiração. Porém, admiração que parece ter sido construída apenas no passado.

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Poços Já: Como começou o seu interesse pelo magistério?

Flávio: Eu me interessei pelo magistério, pela educação, posteriormente à minha participação um pouco mais efetiva no movimento estudantil. Primeiro a atuação minha foi em movimentações, em defesa dos professores, em valorização do profissional em relação a salários e assim por diante. Nós nos tornamos presidente do grêmio do Polivalente, em uma atuação muito bacana junto com toda a comunidade da escola. Posteriormente, acabamos tendo algumas ações na cidade em relação ao papel do movimento estudantil. Acabamos contribuindo para a criação da União Municipal de Estudantes Secundaristas, da qual eu me tornei o primeiro presidente.

Poços Já: Você entrou na faculdade de engenharia química. Nesta época, também se envolveu no movimento estudantil universitário?

Flávio: Acabei me envolvendo no movimento estudantil a nível universitário dentro da UNE, da UEE. Acabei entendendo que o meu foco não seria a engenharia, por entender que eu tinha que ir para a sala de aula para tentar contribuir um pouquinho com a transformação social do nosso pais. Participamos até de forma muito ativa durante a faculdade de alguns movimentos a nível nacional. Acabei abandonando a faculdade de engenharia no quinto período e fui fazer o curso de História. Eu me envolvi muito no diretório acadêmico, tive um movimento muito ativo. Concluindo o curso de história, retornei para a cidade e comecei a fazer o curso de administração de empresas também envolvendo o movimento estudantil, presidente de diretório acadêmico.

Poços Já: Qual realização como enquanto estudante você poderia destacar?

Flávio: Havia um encontro que se realizava, a nível de Brasil, que era o EREAD (Encontro de Estudantes de Administração). Mas tinha EREADs regionais, nós tínhamos o de Minas Gerais. Eu fui muito idealista e, com muita dificuldade, fui para Brasília com a cara e a coragem para defender a vinda desse evento para Poços de Caldas (neste momento, Flávio começa a chorar). Eu me emociono, foi legal para caramba. Cheguei lá, tinha a Universidade Federal de São João Del Rei, de Viçosa, que estavam defendendo o curso.  Chegamos lá e teve a obra do acaso. A decisão seria em Brasília, mas não conseguimos avançar nessa discussão. O pessoal de Minas Gerais entendeu que deixaria para ser discutida aqui em Minas. Desculpa, nem sei por quê eu tô chorando. Mobilizamos, fomos em torno de 30 alunos para Lavras e tinha todo esse enfrentamento que a gente tinha que fazer. Foi bem emocionante. Cada presidente de diretório teve um tempo para fazer uma apresentação para os diversos estudantes de administração de empresas, que eram delegados, que estavam ali. Foi muito audacioso para nós, eu fiz a defesa de Poços de Caldas e conseguimos.

Poços Já: E como começou a vida na política?

Flávio: De verdade, nunca surgiu a ideia de disputar um mandato eletivo. Acho que as coisas foram acontecendo. Em 2008 eu fui procurado pelo Partido dos Trabalhadores e havia uma cobrança, um encaminhamento para que eu disputasse as eleições. Eu não tinha essa pretensão, trabalhava três períodos, sempre uma correria danada. Sempre nós tivemos um perfil de todos os encaminhamentos serem coletivos, eu não sou um sujeito de tomar uma atitude individual. Gosto de ouvir,de construir, para tomar uma decisão. Havia outros nomes também que poderiam ser candidatos dentro desse grupo, mas acabou o grupo entendendo que seria legal, bacana, eu fazer a disputa em 2008. Então nós fizemos uma campanha muito simples, muito humilde.

Vereador pelo PT, Flávio admite vontade de se candidatar a prefeito ou deputado.
Vereador pelo PT, Flávio admite vontade de se candidatar a prefeito ou deputado.

Poços Já: A fiscalização do Instituto Sollus foi um dos destaques da sua primeira legislatura. O que você achou do arquivamento do processo?

Flávio: Ele foi arquivado, mas isso não significa que o assunto não vai ser retomado. Nós apresentamos recentemente um requerimento ao Executivo buscando informações de como andam as ações. Estamos falando de um montante que são sete milhões de reais que deixou de ser investido na saúde do município. Não podemos deixar em hipótese alguma que isso aconteça.

Poços Já: A prefeitura tem a intenção de aumentar o repasse do DME. O projeto foi retirado, mas você votaria contra ou a favor?

Flávio: Três projetos foram apresentados, cada um tinha um viés, mas ambos tinham um fim que era a ampliação de recursos. Eles não prosperaram, então não vou discutir um projeto que não chegou sequer a entrar no plenário da Câmara para ser votado. Chegou nas comissões, mas posteriormente foi retirado pelo Executivo municipal.

Poços Já: Não chegou, mas você concorda com o aumento dos repasses?

Flávio: Nós precisamos planejar a nossa cidade a curto, médio e longo prazo. Ter mais recursos qualquer município gostaria, sem dúvida alguma. Mas ter mais recursos não significa também, muitas vezes, avançar em ações públicas que beneficiem a população. O que eu entendo, mais do que nunca, é que nós temos que equacionar algumas questões no nosso município. O planejamento é fundamental. Sem você ter metas, falta uma clareza das necessidades reais a médio, curto e longo prazo. Entendemos que o DME é de Poços de Caldas, que pertence à população de Poços de Caldas, mas temos que ter muita cautela para que o DME possa avançar em seus investimentos, possa se tornar maior enquanto empresa pública, investindo muito mais no setor de energia elétrica não só em Poços de Caldas mas também em outras regiões do Brasil. Tudo tem que ser através de planejamento.

Poços Já: Como você avalia a gestão do prefeito Eloísio?

Flávio: O prefeito está aí governando a cidade, nós respeitamos os seus encaminhamentos mas não temos uma participação efetiva dentro do governo hoje. Nunca tivemos. Nós vamos aqui dentro da Câmara demandando, pontuando questões que são pertinentes para o nosso município. Por exemplo: estamos demandando desde a legislatura passada a criação do Conselho Municipal de Habitação Popular. Porque hoje o conselho é composto por secretários, mas nós entendemos que é o contrário. Nós temos que permitir que a população se aproprie desse espaço para que se possa discutir política pública de habitação dentro do ponto de vista das pessoas que demandam essas ações. E nós não conseguimos avançar. Encaminhamentos que temos feito aqui demonstram que estamos no caminho certo.

Poços Já: Por qual motivo projetos como esse não avançam?

Flávio: Muitas coisas dependem da avaliação do Executivo municipal. A gente respeita, porque o prefeito está lá e tem as suas prioridades, a sua forma de entender o que é importante para a população de Poços de Caldas. O poder Legislativo é muito importante para nós porque você aprende na prática a conviver com as diferenças, porque aqui você tem os vereadores e cada um tem uma forma de compreender o que é melhor em relação a políticas públicas para o nosso município.

Poços Já: Você gostaria de ter uma maior participação no Executivo?

Flávio: Eu entendo que fui eleito para ser vereador, então a minha participação é efetiva dentro do Poder Legislativo. E aqui nós estamos, trabalhando, lutando e defendendo a população. É claro que o Executivo pode ouvir as pessoas e o prefeito tem o grupo de pessoas que ele ouve, temos que respeitar isso. A minha luta é aqui na Câmara Municipal, a minha fala é aqui no Poder Legislativo.

Poços Já: O que você pretende para as eleições do ano que vem?

Flávio: Eu fico muito tranquilo e sereno em relação a essa questão, porque todo encaminhamento que ocorrer será de forma coletiva, ouvindo de forma democrática as pessoas, a sociedade, os grupos, para que a gente possa avançar.

A fiscalização das contas do Instituto Sollus é um dos destaques dos mandatos do vereador.
A fiscalização das contas do Instituto Sollus é um dos destaques dos mandatos do vereador.

Poços Já: Mas o que você gostaria?

Flávio: Eu gostaria de continuar contribuindo para as políticas públicas do nosso município, de avançar e contribuir, de continuar sendo um parceiro para a população de Poços de Caldas.

Poços Já: Você pretende ser candidato a prefeito?

Flávio: Muitas alegações tem sido feitas em relação à possibilidade de ter uma decisão a nível de Executivo municipal. Volto a reafirmar: nós somos um soldado, mas que trabalha de forma coletiva. Um soldado de grupo, de equipe, que sempre buscou trabalhar pelo bem comum. E nós acatamos qualquer desafio que for apresentado para nós.

Poços Já: Mas você gostaria de ser prefeito?

Flávio: Poços de Caldas é a cidade que eu nasci, cresci, que a minha família viveu. Sem dúvida alguma, se você for questionar, grande parte dos vereadores gostaria também de poder contribuir para ações dentro do Executivo porque aqui você propõe, encaminha, fiscaliza, apresenta, mas no Executivo você tem a possibilidade real de executar. Ser prefeito de Poços de Caldas é uma honra para qualquer pessoa hoje que milita na política do nosso município.

Poços Já: E quanto a ser deputado estadual?

Flávio: Havia um encaminhamento do grupo, como houve já em 2012, que nós deveríamos ter uma participação mais efetiva, mais decisiva, nas eleições de 2014 para o Legislativo estadual. Nós continuamos trabalhando enquanto vereador, mas já havia toda uma discussão internamente dessas possibilidades de 2014. Uma das questões que nós sempre defendemos no partido é que tendo mais de um candidato a deputado, que houvesse a necessidade de realização de prévias do partido para que se pudesse escolher de forma legítima, democrática, quem poderia estar representando o partido nas eleições de 2014. Houve dois candidatos, nós tivemos um candidato com o apoio do Executivo municipal. Respeitamos isso, faz parte do processo democrático. Não é nada de errado isso. Com a graça de Deus, entendemos que tivemos um reconhecimento muito bacana dentro do partido, onde tivemos 20 dos 41 votos. Isso foi um reconhecimento ao trabalho do mandato no Legislativo municipal.

Poços Já: Você mudaria de partido para disputar a eleição para prefeito ou deputado?

Flávio: Volto a te falar, o PT sempre foi um partido de debate, do diálogo. Eu não posso te afirmar quais serão os rumos para a eleição de 2016, mas eu entendo que as discussões devam ocorrer e são muito importantes. É claro que o prefeito que já está no mandato é legítimo ele ter a pretensão de disputar uma reeleição. Agora, eu entendo que vivemos em um país democrático, que a eleição é um processo de construção e que o resultado tem que ter um trabalho coletivo, não pode ser individual, porque ganhar a eleição é uma coisa, governar é outra.

Poços Já: Você está satisfeito no PT?

Flávio: Sempre foi o partido que eu fui filiado. Nós temos um grupo que sempre militou, inclusive foram nesses grupos, sindicatos, movimento estudantil, que acabaram me levando para o Partido dos Trabalhadores. As disputas fazem parte do processo, no sentido de ter pontos de vista diferentes em relação ao entendimento das políticas públicas do município. Isso faz parte do processo. Nós temos uma relação muito bacana e respeitosa com a militância do partido, a gente sempre teve muito carinho, muito respeito.

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