- Publicidade -
17.2 C
Poços de Caldas

- Publicidade -

Menino do São Benedito

- Publicidade -

Luís Nassif pode ser considerado um jornalista dos mais corajosos. Em meio aos esquemas financeiros que tolhem a liberdade de expressão na imprensa brasileira, ele enfrentou a Revista Veja. Durante a entrevista ao Poços Já, Nassif lembra da infância em Poços de Caldas e faz críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff.

Jornalista Luís Nassif é natural de Poços de Caldas.
Jornalista Luís Nassif é natural de Poços de Caldas.

Poços Já: Quais as lembranças que você tem da infância em Poços de Caldas?

- Publicidade -

Nassif: Muitas. O largo do São Benedito, a festa, as quermesses, a Escola Sete de Setembro e dona Nicolina, o trajeto até o Marista, as freirinhas do São Domingos.

Poços Já: A sua infância em Poços foi um dos assuntos do seu livro, “O Menino do São Benedito”. Qual história que mais te marcou?

Nassif: Uma briga que tivemos com o pessoal do Palmeirinhas, da Vila Cruz, que foi muito similar a um livro da época, Os Meninos da Rua Paula. E também os ensaios da Congada de São Benedito.

Poços Já: Como começou o seu contato com a música, especificamente com o chorinho?

Nassif: Comecei a aprender piano aos 5 anos. Aos 10 anos minha mãe me deu um cavaquinho e passei a ter aulas com o Zé Doceito, um cavaquinho que também era doceiro em uma das fábricas da cidade.

Poços Já: Quais foram seus primeiros passos no jornalismo?

Nassif: Aos 13 anos fiz meu primeiro jornal, o número 1 do GGN em Foco, o jornal do Grupo Gente Nova, do qual eu participava. Havia crônicas, poesias, relatos das ações sociais no Serrote.

Poços Já: Você participou da fundação do Jornal Mantiqueira. Como foi essa história?

Nassif: Meus pais estavam saindo de Poços e senti necessidade de manter as raízes. Aí o Décio Alves de Moraes surgiu com a ideia de montarmos um jornal. Juntamos ele, eu, o Rovilson Molina e o Sérgio Manucci, fizemos a vaquinha, compramos uma linotipo e começamos o jornal. Mas não houve gás financeiro e o pessoal da Arena (Tiãozinho Navarro e Ronaldo Junqueira) bancou o Décio, que acabou comprando a nossa parte.

Poços Já: Hoje em dia, qual a sua relação com a cidade? Vem a Poços com qual frequência?

Nassif: Menos do que eu gostaria. Tenho filhas adolescentes que adoram a cidade. Sempre que posso, em geral nos feriados, apareço.

Poços Já: A Revista Veja dos anos 70, quando você trabalhava lá, é muito diferente da Revista Veja de hoje em dia?

Nassif: Era uma revista de prestígio e credibilidade. Hoje é o pior exemplo do mau jornalismo que se pratica.

Nassif estudou no Colégio Marista, em Poços de Caldas.
Nassif estudou no Colégio Marista, em Poços de Caldas (foto: arquivo pessoal)

Poços Já: É uma revista que coleciona gafes, como a mais recente envolvendo o senador Romário. Qual a sua opinião sobre os motivos disso?

Nassif: Chantagem, achaques. Eu mesmo fui vítima de achaques da revista, quando denunciei as manobras do banqueiro Daniel Dantas. Sofri dois ataques de colunista da revista. Nas duas edições, havia 6 páginas de publicidade de empresas de Dantas. Tornou-se uma revista venal.

Poços Já: Qual a sua análise sobre a repercussão política das manifestações de 16 de agosto?

Nassif: Acho que se encerra um ciclo. Agora é baixar as armas e trabalhar em um pacto que garanta um mínimo de governabilidade ao país.

Poços Já: Você acredita na possibilidade de impeachment da presidente?

Nassif: Não. Não há nenhuma justificativa legal.

Poços Já: A respeito da crise econômica brasileira, quais são os verdadeiros motivos? Crise internacional ou má gestão?

Nassif: Três coisas: a crise internacional, a crise da água e uma enorme sucessão de erros do governo Dilma.

Poços Já: O que você acha que a Dilma deveria ter feito de diferente, em relação à política econômica?

Nassif: Dá uma entrevista à parte.

Poços Já: O Brasil está no caminho para sair da crise?

Nassif: Tem todas as condições. Hoje em dia a crise é eminentemente política.

Poços Já: Qual a duração da crise, na sua opinião?

Nassif: Se a presidente fosse mais ativa, até início do ano que vem. Como não tem demonstrado preparo, uns dois anos.

Poços Já: A institucionalização da corrupção no Brasil está ainda mais evidente com a Operação Lava Jato. Você acredita que é possível acabar com a corrupção? Como?

Nassif: No dia em que a Lava Jato avançar também sobre os políticos bancados pela chamada grande mídia.

Poços Já: Você acredita em imparcialidade no jornalismo?

Nassif: Não. Acredito que deva existir um pacto em torno do fato. Tipo: não se pode mentir, não se pode adulterar os fatos. Depois, cada qual que tenha sua opinião. No momento atual, as notícias, os fatos estão sendo distorcidos de acordo com a torcida de cada veículo.

Poços Já: Como você vê a utilização das mídias digitais no jornalismo?

Nassif: Por enquanto, uma mera extensão das mídias impressas. Ainda não se chegou a um modelo puramente digital.

Poços Já: Qual a sua opinião sobre a Mídia NINJA, que ganhou força em 2013?

Nassif: Experiência muitíssimo interessante, que ultimamente perdeu um pouco o fôlego. Com dificuldade para matérias mais aprofundadas, mas imbatível na cobertura de manifestações de rua.

Poços Já: Os grandes grupos de comunicação estão perdendo influência?

Nassif: A cada dia que passa. E em todo mundo.

Poços Já: Como lidar com os diferentes interesses que cercam a notícia, como os políticos e econômicos?

Nassif: Tendo competição. É da soma de opiniões divergentes que nasce o consenso. O problema atual é que, mesmo decadente, a mídia ainda é altamente cartelizada e influente.



- Publicidade - Laboratório Prognose
- Publicidade - Laboratório Prognose
- Publicidade - Laboratório Prognose
- Publicidade - Laboratório Prognose
Veja também
- Publicidade -















Mais do Poços Já
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Don`t copy text!