A cena é comum nas lojas ao redor do terminal de Linhas Urbanas. Logo de manhã, um homem dormindo no chão dificulta a entrada dos clientes. A situação fica ainda mais complicada quando o poder público fica com poucas ferramentas para lidar com esses indivíduos, na maioria alcoolizados.
Nem sempre são moradores de rua. A maioria é de indivíduos alcoolizados. O comerciante Marcos Roberto do Lago está no local há 18 anos. Ele conta que tenta conversar, mas sem sucesso. Quando a Polícia Militar é acionada, também não há resultado. “É uma sensação de impotência muito grande. Acontece com bastante frequência. Eles bebem além do que conseguem aguentar e aonde estão eles deitam”.
Marcos ainda lembra que há sempre o risco de represálias. Portanto, tenta manter a paciência e acaba arcando com o prejuízo. “Os clientes ficam intimidados, tem gente que chega para entrar na loja e tem um cidadão deitado na porta, aí o cliente dá meia-volta e vai embora. A gente acaba perdendo com isso”.
O comerciante Guilherme Figueiredo Opípari acompanha a situação de perto e relata problemas ainda maiores. “As pessoas ficam se aglomerando, fazendo uso constante de bebidas alcoólicas, drogas , pedindo esmolas, se prostituindo, causando um incômodo a quem utiliza o terminal”.
Promoção Social
De acordo com a secretária municipal de Promoção Social, Lúcia Elena Rodrigues, é comum haver esse tipo de comportamento próximo aos terminais de ônibus. A existência de diversos bares nas proximidades contribui para agravar o problema.
A orientação é que o comerciante ligue para o 156, já que esta não é uma responsabilidade policial. Nestes casos é enviada uma equipe de abordagem, composta por assistente social, psicólogo, coordenador e agentes de abordagem. A intenção é entrar em contato com as famílias, fazer com que essas pessoas retornem para suas casas. Mas a maior dificuldade é convencê-las a aceitar o atendimento. “As profissionais de curso superior descem, entrevistam, vão tentar saber por quê as pessoas estão ali. Mas não podem obrigar, arrastar, colocar ninguém na Kombi à força”, explica a secretária.
A cultura da esmola dificulta ainda mais esse trabalho, já que muitos pedintes não aceitam sair das ruas. Por isso, a prefeitura orienta os cidadãos a não darem esmolas. “Temos mendicantes profissionais aqui. Eles nem aceitam conversar com a gente. Eles vão para a rua porque ganham muito”.
Atualmente, Poços de Caldas tem 123 pessoas em situação de rua. Destas, em média 120 são acolhidas nos albergues conveniados com o município. “Temos de dez a 15 que entram, ficam uma semana, depois têm uma recaída e vão para a rua. A gente faz articulação com o CAPSAD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas ) e às vezes eles perseveram até um semestre se tratando”, conta a secretária.