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Poços de Caldas

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Do crédito ao débito

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Vivemos a era do consumo, a era do descarte, a era do supérfluo. Diariamente somos violados intimamente com ofertas imperdíveis e produtos indispensáveis. Compramos o que não precisamos com o dinheiro que não temos. Mais. Acreditamos se tratar de elementos vitais, similares ao oxigênio. Modismos, tendências, o novo, o belo e o estético corrompem, muitas vezes, nossa própria identidade.

Nesse contexto, uma triste realidade que presencio diariamente é o superendividamento de um expressivo número de pessoas. Confunde-se crédito com a ‘receita de fato’ o tempo todo. Faltou instrução cultural e nos bancos escolares; agora restamos reféns dos bancos financeiros.

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É muita gente remunerada com salário mínimo e a fatura do cartão de crédito com um saldo bem superior a isso. Muita gente quintuplicando suas dívidas mensalmente através do ‘pagamento mínimo‘, sem se dar conta da emboscada de juros e encargos que envolvem essa operação.

Para sustentar o insustentável, o rol de caprichos deliciosamente oferecido pela gama de mídia que acessamos, frustramos nossa própria qualidade de vida. Quantos casos de pessoas que têm comprometida mais de 70% de suas rendas com o pagamento de ‘débitos superfaturados’?

É muito triste compartilhar com os consumidores as noites mal dormidas, a autoestima em frangalhos e a dignidade consigo mesmo aquém da linha marginal.

Este texto é um manifesto pela consciência financeira e dever de gerência que devemos ter por nossas vidas, sem nos deixarmos levar pelo excesso vago que subtrai. Quero consumidores com o real poder de compra, alimentando-se bem e sem perder a saúde, nem o sono.

Quero ver mais pessoas honrando seus compromissos sem parcelar a compra do mês com cheques para 30 e 60 dias, porque o mês que vem tem mais. Não quero pessoas dividindo o pagamento de suas necessidades básicas.

É simples. A despesa não pode ser maior que a receita. O dinheiro que entra não pode ser inferior ao que sai. O ônus não pode ser maior que o bônus. A maquiagem da estação não cobre os sinais deixados pelo rubor e desconforto por estar endividado e violado cruelmente pelas assessorias de cobrança. Não pague esse preço.

*A autora é advogada

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