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Geraldo Thadeu se prepara para votar o Código da Mineração

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Geraldo é presidente da Subcomissão de Migração
Geraldo é presidente da Subcomissão de Migração

Em um ano polêmico na Câmara dos Deputados, Geraldo Thadeu (PSD) diz que muitas votações foram estafantes. Depois da MP dos Portos, o Código da Mineração pode ser o assunto mais complexo do próximo semestre. Além disso, o deputado federal fala sobre o trabalho constante na questão da migração, que agora é tratado de forma mais ativa em uma subcomissão específica para isso.

Leia abaixo a última parte da entrevista especial com o ex-prefeito.

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Poços Já – O seu trabalho na questão da imigração culminou na criação de uma subcomissão sobre o assunto. O que já foi feito em relação a isso?

Geraldo – Dez anos atrás, era o momento em que mais brasileiros estavam indo para o exterior. Isso me chamou muita atenção, até pelo contato que eu tinha com o jornalista Walther Alvarenga e seu trabalho nessa questão. Eu comecei a trabalhar nesse sentido, principalmente na Comissão de Direitos Humanos, que eu pertenci durante nove anos. Nós realizamos, inclusive, várias viagens à Europa, nos reunindo com comunidades brasileiras. Eu tive uma reunião em Bruxelas, na Bélgica, outra em Barcelona, na Espanha, e outra em Lisboa, Portugal. Também tem uma participação muito grande dos brasileiros na América do Norte, Estados Unidos. Nós resgatamos das prisões americanas 320 brasileiros e voltamos com eles em dois aviões. Inclusive, tinha vários poços-caldenses e pessoas aqui da região. Eu me lembro, foi marcante isso. Participei de outras reuniões importantes nos Estados Unidos, com lideranças brasileiras. É um trabalho que eu venho desenvolvendo ao longo do tempo.

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Poços Já – O senhor também participou da CPMI da Imigração. Como foi esse trabalho?

Geraldo – Essa CPMI foi no momento mais crítico que o brasileiro passava no exterior, quando os brasileiros tinham ido em massa para os Estados Unidos. Eram cerca de quatro milhões. Uma grande conquista é que nós fizemos a sugestão para o governo federal de criar um órgão dentro da Comissão de Relações Exteriores para tratar só da imigração. E foi criada uma secretaria. Olha, melhorou muito o atendimento em consulados e embaixadas. O número de consulados aumentou e o serviço melhorou significativamente. Quando uma cidade não tem embaixada ou consulado, eles fazem o consulado itinerante. Reúnem comunidades brasileiras em um salão de igreja, por exemplo, e fornecem uma carteirinha, uma identificação não oficial. Mas identificam a pessoa, o que até possibilita movimentar a conta bancária.

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“A coisa mais importante, significativa, é quando você chega lá, se reúne com a comunidade brasileira, e eles falam assim: olha, a partir da sua visita, da sua vinda, a gente vê que não está sozinho”

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Poços Já – Em julho, O senhor vai receber o título de Embaixador da Paz, da ONG ABRASA (Associação Afro-Brasileira de Dança, Cultura e Arte). Por que o senhor foi escolhido?

Geraldo – Por isso, com todo esse trabalho, eu acredito que essa ONG da Áustria me convidou para ir lá dia 3 de julho. Para que eu possa receber uma homenagem. A presidente da ONG é uma liderança de brasileiros muito ativa na Europa. A coisa mais importante, significativa, é quando você chega lá, se reúne com a comunidade brasileira, e eles falam assim: “olha, a partir da sua visita, da sua vinda, a gente vê que não está sozinho, que temos alguém que olhe por nós, principalmente no congresso nacional”. A relação deles com embaixadas, com consulado, era muito fria. Mas eles se abrem mais com a gente. O brasileiro que não tem documentação correta enfrenta muitos problemas no exterior.

Poços Já – Por que foi criada a Subcomissão da Migração?

Geraldo – Hoje eu sou titular da Comissão de Relações Exteriores pelo segundo ano. Tenho melhores condições de trabalho do que na Comissão de Direitos Humanos para cuidar da migração. Tenho oportunidade de ajudar mais. Nós podemos criar três subcomissões permanentes. Uma delas nós criamos, que é a Subcomissão Permanente da Migração. Eu sou o presidente.

Poços Já – A Subcomissão também vai tratar também dos casos de estrangeiros no Brasil?

Geraldo – Sim. Hoje nós temos o inverso, uma vinda muito grande de africanos, haitianos, afegãos, bolivianos entrando principalmente pelo Acre. Estamos tendo problemas de trabalho escravo de estrangeiros que estão vindo para o Brasil. Então estamos olhando para eles também com carinho. Não queremos que o brasileiro passe dificuldades no exterior e também não queremos tratar mal os que vem para cá.

Poços Já – E o que essa subcomissão está fazendo neste início?

Geraldo – Nós temos, no mundo inteiro, lideranças de brasileiros cadastradas no Ministério das Relações Exteriores. E temos conselheiros nomeados em vários países do mundo. Estamos enviando correspondências a todos eles, para que possam apresentar para nós a situação dos brasileiros pelo mundo. A partir daí vamos direcionar nossos trabalhos.

Mas temos também a questão previdenciária. Se não tem acordo com o país que o brasileiro está, ele fica sem contribuir com a previdência e depois não tem direito a aposentadoria. Porque eles vão para lá e voltam em determinado momento. Uma ou outra família fica por lá, mas a maioria volta. Aí chega aqui e não tem amparo nenhum. Precisa também fazer um trabalho para reenquadrá-los aqui, readaptá-los à nossa vida. Então temos muita coisa para fazer.

Poços Já – E como será o evento de turismo que o senhor vai participar em Viena?

Geraldo – Nós vamos participar de uma palestra sobre o turismo brasileiro, as potencialidades do Brasil, e uma sobre Poços de Caldas. Quem sabe, vamos trazer austríacos para o Brasil e para Poços. E, quem sabe, até investimentos. E também tem uma parceria de divulgação da cidade por lá.

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Nos deparamos com grandes defesas corporativas, de grandes empresas que hoje atuam na área e que não querem perder a vez.

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Poços Já – A votação da MP dos Portos foi a mais polêmica deste ano. Qual a sua opinião sobre o assunto?

Geraldo – Na Câmara, a cada dia é um aprendizado. Mas esse é o processo democrático. O país tem uma deficiência muito grande na infraestrutura, seja dos portos, ferrovias, aeroportos, rodovias. O Brasil, hoje, está produzindo a maior safra de grãos da história. Isso demanda um grande volume de exportação. E estamos vendo grandes filas para chegar aos portos, com prejuízos. Tem país que recusa, porque demora muito. O alto custo, uma série de fatores tem prejudicado o escoamento da produção agrícola em um momento de safra recorde. O governo estudou com muito detalhamento o que fazer para melhorar rapidamente. Está abrindo para a iniciativa privada investir, pegar as concessões. Mas pegar concessão significa investimento.

Poços Já – Houve muita pressão na Câmara?

Geraldo – Nos deparamos com grandes defesas corporativas, de grandes empresas que hoje atuam na área e que não querem perder a vez. E a presidente colocou que pode até continuar, mas tem que ter uma nova concorrência. Nos deparamos, inclusive, com representantes de grandes empresas dentro do plenário, o que foi um absurdo e deu toda aquela polêmica. No fim, prevaleceu o bom senso. Procuramos aprovar dentro do projeto que veio do governo. E os pontos contrários, a presidente vetou. Ainda continuam os interesses corporativos dentro do congresso, tentando derrubar os vetos. Mas não vão conseguir. O país precisa avançar, ter modernidade.

Podemos até transferir o assunto para Poços. Aqui, tem uma empresa de transporte coletivo. Aí, quando vence o contrato, tem a concorrência aberta a todas as empresas. Tem o Ministério Público para acompanhar, o judiciário, a Câmara de Vereadores. E concessão de serviço público ninguém faz por menos de 15 anos, porque a empresa tem que ter um período de investimento em infraestrutura. E ela só vai equilibrar o investimento ao longo do tempo. Ninguém vai fazer contrato de concessão de serviço público, seja de portos, de transporte coletivo, por menos de 15 anos. Pode fazer por mais. Tinha uma proposta da MP dos Portos para 50 anos, o que é um absurdo também.

Poços Já – A próxima polêmica será o Código da Mineração, que atinge Poços de Caldas diretamente.

Geraldo – Quando entrei na Câmara, tivemos uma minirreforma tributária e da previdência, que foram estafantes. Mas, como esse ano, eu nunca vi. É só medida provisória, PEC, projeto de lei polêmico. Nós, como mineiros, vamos lutar porque a mineração possa ser a grande fonte de renda do estado. Vamos lutar para que beneficie a população.

Poços Já – O senhor já chegou a se reunir com empresários?

Geraldo – Temos uma comissão especial trabalhando no nosso partido. Frequentemente, ela vai à reunião da bancada e presta informações para nós. Está caminhando, ainda não tem nada conclusivo.



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