Durante a entrevista no escritório local do deputado federal Geraldo Thadeu Pedreira dos Santos (PSD), o celular dele não parava de tocar. Antes de nós, conversou com vereadores de Botelhos. O homem, tão requisitado, deixa claro que dá valor ao conceito de grupo, é grato pelos companheiros anteriores e hoje busca novos caminhos na política. Geraldo reluta em confirmar de que lado fica nas eleições de 2014, mas depois abre o jogo. Em relação ao prefeito Eloísio do Carmo Lourenço, o discurso é de companheirismo e admiração. Porém, como ele mesmo diz, na política tudo pode mudar.
Leia abaixo a primeira parte da entrevista que o Poços Já fez com Geraldo Thadeu.
Poços Já – O que levou a se candidatar novamente à prefeitura?
Geraldo – Quando eu me candidatei a prefeito, primeiramente, foi por uma solicitação do grupo político, com aqueles problemas todos do rompimento com o ex-prefeito. Mas, muito antes desse rompimento, eu já tinha dentro de mim que gostaria de voltar a ser candidato a prefeito. Até porque eu via os caminhos que a cidade estava indo e não eram aqueles que a gente queria. Principalmente por ser um grupo que nós apoiamos. Tentamos nos aproximar e ajudar em todos os momentos, mas tínhamos muita dificuldade. Já que não tínhamos condições de ajudar, de contribuir, procuramos voltar para a prefeitura.
Na minha avaliação, fiz uma boa administração quando fui prefeito. E me sentia muito preparado, em condições de ser novamente um bom prefeito, de ter propostas e projetos importantes.
Poços Já – Qual a sua avaliação da campanha?
Geraldo – Nós tivemos um embate. Em política, se vence ou perde. Ou é vencedor ou derrotado, isso faz parte. Nós tivemos um resultado que foi a eleição do Eloísio, que veio por baixo, quietinho, e acabou vencendo a eleição. Foi a vontade da população e resultado da divisão que houve do nosso grupo. O Eloísio foi vencedor pelos seus méritos.
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“Não temos nenhuma ligação combinada, partidária. O prefeito tem o grupo dele e eu tenho o meu.”
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Poços Já – O que o levou a se coligar com o Eloísio?
Geraldo – Como eu tenho uma responsabilidade como representante da cidade no congresso nacional, reuni com o partido, com a comissão executiva e os vereadores. De comum acordo, o grupo aceitou o convite do prefeito de participar da base aliada. Não fizemos exigência, colocação nenhuma, a não ser o espírito republicano, do bem da cidade. Para a última campanha, eu estudei muito a situação de Poços e vi uma situação de dificuldade. Disse ao prefeito Eloísio que ele tem uma missão muito grande.
Hoje, a situação de Poços de Caldas é inviável para atender às demandas normais da população, para atender plenamente a área social, esporte, infraestrutura, saúde. O município está em grandes dificuldades, como já sabíamos quando participamos da campanha eleitoral. Eu sei que a missão dele é muito dura, muito difícil. Poços precisa de ajuda, esse é o principal espírito. Não temos nenhuma ligação combinada, partidária. O prefeito tem o grupo dele e eu tenho o meu. Cada um vai tocar sua vida partidária de acordo com o pensamento dos seus integrantes. Mas, em termos de administração, estamos aí para ajudar o município.
Poços Já – Como o senhor avalia os primeiros meses desta gestão?
Geraldo – Precisa ter muito cuidado na hora de cobrar o prefeito. Quando temos uma estrutura organizada, dar continuidade não é tão difícil. Quanto tem uma estrutura inviável, desorganizada, complicada do jeito que o prefeito Eloísio recebeu, é muito difícil colocar nos eixos e caminhar para fazer a grande mudança que tem que ser feita.
Ele está sem poder de ação mais efetivo. Dentro da arrecadação inicial que todo início de ano tem, de IPTU, IPVA e tudo mais, está colocando algumas pendências que ficaram da outra administração em ordem, pagando. Acredito que, aos poucos, ele vai tomando conhecimento da máquina, dos problemas, procurando organizar projetos e se organizar para deslanchar. O governo do estado tem ajudado Poços.
É uma pessoa bem formada, bem intencionada, meu colega, confio nele. Não podemos cobrar dele o que não pode fazer. É muito fácil criticar político e ex-prefeito. Todos que entram na prefeitura tem boa vontade, querem fazer o melhor. Uns tem mais capacidade e outros menos. Esse prefeito tem uma vantagem: ele é bom ouvinte, é bom de diálogo. Simples, humilde, mas sabe o que quer, tem posição. Eu estou com uma expectativa muito boa com esse prefeito. A missão dele não é fácil. Estou preocupado em ajudar, trabalhar, desenvolver meu trabalho.
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“Quando eu comecei na política, como militante, o maior exemplo de dois que eram ferrenhos opositores em Poços de Caldas era de um lado Sebastião Navarro e do outro Carlos Mosconi. Passou o tempo e eles estão juntos, são hoje ferrenhos aliados.”
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Poços Já – Como é a sua relação e do PSD com o governo estadual?
Geraldo – Apoiei as eleições passadas de Aécio Neves e Anastasia. Fazia campanha, ajudava. Hoje não sei como vai caminhar essa questão, eu vou seguir orientação do meu partido. O governo de Minas tem atuado muito forte. Tem obras importantes como o Cenacon, a restauração das Thermas, o Palace Casino, a estrada da Cachoeirinha e o Centro de Convenções, que ainda não sabemos como vai ficar.
Política muda, não sei como vai ser amanhã. A tendência do partido é mudar, de estar em outro lado, caminhar com a Dilma. Mas em Minas tem um grupo dentro do partido que quer caminhar com o governo do estado e o outro grupo quer caminhar com a oposição, que é o Fernando Pimentel. O que o partido decidir eu vou seguir.
Poços Já – O PSDB é muito forte em Minas. Como fica o apoio na próxima candidatura?
Geraldo – O PSDB é um partido importante para o processo democrático do Brasil, já deu um presidente que foi muito importante, que fez um grande governo no primeiro mandato com a missão de controlar a inflação e organizar o país. É um grande partido, tem grandes nomes. Um deles é do pré-candidato Aécio Neves, que foi um grande governador de Minas. Jovem, muito preparado. E é uma força muito importante da política. Minas é um estado que cresceu, desenvolveu nesse período. É um partido muito bem estruturado, que tem condições de competir para chegar à presidência da república.
Poços Já – Mas como ficam os apoios ao PSDB e a outros partidos?
Geraldo – Eu acredito que política é assim: a gente vem através de um grupo político. Como no meu caso, sempre participei com muita lealdade e apoio. Quando entrei efetivamente, como prefeito e deputado, sempre participei desse grupo do PSDB, PPS, DEM. Aí chega um determinado momento que as coisas mudam. Quando eu comecei na política, como militante, o maior exemplo de dois que eram ferrenhos opositores em Poços de Caldas era de um lado Sebastião Navarro e do outro Carlos Mosconi. Passou o tempo e eles estão juntos, são hoje ferrenhos aliados. O Paulinho Courominas nasceu no berço do PT, foi vereador por vários mandatos pelo PT e hoje está no PPS, opositor ferrenho ao PT. Eu, depois de ser prefeito pelo PSDB, de me eleger pelo PPS, sou fundador do PSD.
A política moderna do Brasil está explicando que não tem muito mais a questão de ser de direita, de esquerda, de centro. Por isso, nós colocamos o PSD como um partido que não é de esquerda, nem de direita, nem de centro. O nosso partido é de espírito republicano. Nós temos espírito republicano, o que é melhor para o país.
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A tendência hoje, entre Dilma e Aécio, está sendo para a Dilma. E a tendência em Minas, para o Pimentel.
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Poços Já – Para as eleições de 2014, continua o apoio à Dilma?
Geraldo – Se a presidenta Dilma, que é uma boa presidenta, está desenvolvendo um bom trabalho e o país está indo bem, provavelmente o nosso partido vai apoiar a Dilma. Está caminhando para isso. Mas pode ser que o país precise mudar. Vamos ver. Em Minas tem uma bancada de oito deputados estaduais que apoiam o governo do estado. Já a bancada federal tem seis deputados, quatro apoiam a presidenta Dilma. Nosso partido não é o único que está nessa posição. Ainda está cedo para saber como vamos caminhar. O debate antecipou muito, está prejudicando o país. Essa questão inflacionária, eu acho que é mais em função do debate político antecipado. Eu vou caminhar com o meu partido. A tendência hoje, entre Dilma e Aécio, está sendo para a Dilma. E a tendência em Minas, para o Pimentel. Embora tenha participado de um grupo a minha vida política toda, o meu espírito é partidário, sou fundador do partido, da executiva nacional, vice-presidente no estado.
Poços Já – O senhor é pré-candidato à reeleição como deputado federal?
Geraldo – Sou pré-candidato sim. Tenho vontade de continuar. Agora estou em um grande partido, o que facilita. Estou tendo uma atuação na Câmara hoje que eu nunca tive oportunidade de ter. Grandes debates, grandes comissões. Sou prestigiado pelo partido e a gente quer contribuir. Não só pela região ou pelo estado, mas pelo país.
Poços Já – O que espera realizar em um possível próximo mandato?
Geraldo – Temos muita coisa. Eu acredito que Poços é uma cidade que precisa recuperar a qualidade de vida, que perdeu nos últimos anos. E acho que a infraestrutura precisa ser ajudada, procurar trazer investimentos para a cidade. Mas não quero ficar anunciando porque, se não der certo, falam que a gente fica fazendo muita promessa e não cumpre. Mas a região nossa é importante, estamos lutando por ela, e vamos continuar o nosso trabalho.