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“Receio que o mundo natural esteja ficando naturalmente desnaturado”

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dnaA expressão acima, que empresta seu conteúdo para o título deste texto, foi elaborada pela Dra. Seiriam Sumner, conceituada pesquisadora em Biologia Evolutiva do Instituto de Zoologia da Sociedade Zoológica de Londres.

A Dra. Seirian estuda a evolução da sociabilidade, ou como o comportamento social é mantido nas comunidades, e o papel do genoma na transição entre as gerações. Ela parte do estudo da evolução em sociedades mais simples para tentar compreender sistemas sociais mais complexos.

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Abelhas, vespas e formigas, especialmente as primeiras, são seus objetos de estudo mais frequentes. A cientista expressou os seus receios, preocupada especialmente com os avanços da biologia sintética.

Veja bem, se uma cientista altamente categorizada como a Dra. Seirian está preocupada com os rumos dessa tal de biologia sintética é porque a coisa já está bastante desandada. E todos nós, os usuários dos produtos biológicos advindos dela, devemos ficar de orelha em pé.

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Declarações desse tipo só fazem aumentar nossas dúvidas. Um dos fortes argumentos das pessoas para não consumirem produtos de origem animal é o uso excessivo de anabolizantes e muitos outros produtos químicos na produção das carnesem geral. Além, é claro, da manipulação genética.

Mas, nos dias de hoje, sabe-se que os produtos de origem vegetal também são largamente manipulados geneticamente. A agricultura está passando por uma revolução no mundo todo, com o uso da manipulação genética em larga escala, além de insumos e defensivos cada vez mais complexos. Tudo isso visando a maximização da produção e, consequentemente, dos lucros.

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Devemos reconhecer que se não fosse assim, talvez a escassez de alimentos no mundo, que incomoda grandemente vastas regiões do globo, se apresentaria muito maior. E uma verdade se impõe: parece que, a continuar de tal modo, teremos que escolher entre morrer envenenados ou perecer pela fome.

E o que é essa tal de biologia sintética, que assusta a Dra. Seirian? Diríamos que, de forma resumida, é uma nova ciência que usa as bases da biologia tradicional para promover as mudanças desejadas no DNA dos seres vivos, criando novos sistemas biológicos ou alterando suas funções originais.

Ou seja, esses novos métodos permitem a criação de um código genético inédito, resultando na concepção de um novo DNA. E este DNA pode ser utilizado para a programação de seres vivos.

Considera-se que esse ramo da biologia seja a nova fronteira tecnológica a desafiar a imaginação humana. E ela só foi possível com o advento da informática que promove intrincadas interações entre as disciplinas envolvidas, acelera as simulações em laboratório e armazena com fidelidade os experimentos.

Com isso, a manipulação tecnológica dos seres vivos torna-se possível e executável em espaço mínimo de tempo. Todo o conhecimento humano em biologia, química, física, matemática, engenharia e biotecnologia está acessível, para qualquer pessoa interessada, a um simples toque no teclado do computador.

Afinal, isso tudo é bom ou é ruim? As duas tendências estão presentes nessa discussão. O lado bom é a possibilidade de criação de novas vacinas e novas fontes de energia, como já vem acontecendo. Principalmente na produção de alimentos. Ainda assim, ao ingerir esses alimentos, sempre teremos a dúvida: o que estamos comendo?

E o lado ruim? A biologia sintética pode propiciar a criação de armas biológicas, baratas e silenciosas – sonho dos modernos conquistadores – e a geração de novas doenças. Mas a preocupação maior é a aplicação excessiva na natureza, algo que já vem acontecendo reiteradamente, interferindo de forma irreversível no meio ambiente.

E ainda: empresas multinacionais, detentoras de grande poder econômico-financeiro, podem obter o monopólio na produção de sementes, fármacos, petróleo, alimentos, produtos florestais etc.

Isto já vem acontecendo mundo afora e até aqui no Brasil. Um exemplo é a pretensão da cobrança de direitos – proposta por uma multinacional – sobre a produção de soja, em virtude da utilização de sementes transgênicas.

Será que é este o caminho? Será que no futuro vamos pagar a mais por de tudo que comermos? Será que, ao comer arroz com feijão, teremos que, a todo o momento, calcular os direitos que teremos que pagar?

Enfim, a grande dúvida é: como será a ação contínua desses novos organismos, criados artificialmente, junto ao meio natural? Só o tempo poderá responder. E, diante dessa realidade aparentemente irreversível, espero que a resposta não seja o início do caos.

*O autor é formado em Engenharia Florestal, com pós-graduação em Informática na Educação e Gestão Ambiental.

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